Agricultura regenerativa orgânica tem crescido no Brasil

Números da Aliança Orgânica Regenerativa (ROA), apontam que os consumidores dos Estados Unidos, por exemplo, estão dispostos a pagar mais por um produto orgânico regenerativo – Imagem de Freepik

A prática da agricultura regenerativa orgânica com a utilização do plantio direto, da rotação de culturas e da manutenção da cobertura do solo, tem crescido cada vez mais no Brasil e no mundo, segundo informações da Regenerative Organic Alliance-ROA (Aliança Orgânica Regenerativa).

ROA e ROC

A ROA é uma entidade sem fins lucrativos, sediada nos Estados Unidos, desenvolvedora da norma Regenerative Organic Certified – ROC (Certificação de Orgânicos Regenerativos) que aprova certificadoras nos diversos países onde estão localizadas. Ou seja, ela serve para auditar e certificar produtos que cumpram com os requisitos definidos de saúde, manejo do solo, bem-estar animal – caso tenha produção animal- e para todos os casos de justiça social, equidade social para trabalhadores e também para produtores rurais.

“De modo geral, trabalhamos no enfoque de que a agricultura regenerativa, pra poder ser chamada como tal, precisa sempre ser orgânica, ou seja, abrir mão do uso de tecnologia transgênica, de insumos fertilizantes sintéticos derivados do petróleo e assim por diante”, afirmou Daniel Araújo, gerente de padrões e garantia de qualidade da ROA.

Importância da agricultura regenerativa orgânica

Esse modelo de produção contribui para a construção de solo e para a preservação e ampliação da biodiversidade, mas, principalmente, colabora para a neutralização das emissões de carbono. A agricultura regenerativa, ao contrário de emitir, fixa carbono no solo.

“Esse tipo de agricultura é uma ferramenta que temos à disposição não só para reduzir, mas reverter o problema climático que vivemos atualmente”, enfatizou Daniel.

Solo

O representante da ROA defende que a sobrevivência do planeta, da espécie humana, depende da camada superficial do solo, onde todos os alimentos são cultivados, sendo a base de toda a nossa alimentação. “E esse solo superficial está sendo erodido, assoreado, levado embora por conta do manejo convencional, da produção agrícola convencional e por questões climáticas também”.

“Além disso, a gente tem a questão da saúde humana e da saúde do planeta. Tem-se a contaminação por insumos sintéticos impactando de forma crônica e aguda as pessoas que trabalham com a produção de alimentos, além de afetar a qualidade da água e as populações de insetos que são importantes para a manutenção também da vida do planeta”.

Brasil

“O Brasil é promissor em certos aspectos da agricultura regenerativa, porque boa parte dos produtores já aderiu a algumas práticas conservacionistas importantes e que podem ser chamadas de regenerativa.  Isso é muito importante para a redução da perda de solo. Porém ainda temos muito o que convencer, trabalhar e difundir sobre as práticas deste tipo de agricultura”.

Bioinsumos

Para Daniel, outro ponto importante é a utilização que o Brasil faz cada vez mais de bioinsumos, que são insumos biológicos que se utilizam de micro-organismos para evitar o uso maior ainda de produtos sintéticos no solo. A fixação biológica de nitrogênio é um exemplo de associações de fungos e bactérias benéficos que evitam a aplicação de adubação nitrogenada, que seria a uréa. “É uma prática que reduz muito o uso de fertilizantes. Apesar dos avanços no Brasil, ainda temos muito o que convencer, trabalhar, difundir as práticas de agricultura regenerativa”.

Certificação

A certificação da ROA permeia sob três pilares: saúde e manejo do solo, bem-estar animal e justiça social.

Segundo a Regenerative Organic Alliance, as vantagens de certificar tais produtos é a comunicação deste trabalho de impacto positivo ao mercado consumidor. “A certificação mostra que o produtor cumpre com uma série de normas e requisitos positivos como a produção orgânica, limpa, saudável, que produz os animais de maneira responsável, respeitando o bem-estar deles, que provê condições adequadas de trabalho e moradia para os trabalhadores que estão na fazenda”.

A organização possui números dos Estados Unidos, por exemplo, demonstrando que o consumidor está disposto a pagar mais por um produto orgânico regenerativo.

Por Equipe SNA
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