A cadeia produtiva do leite no Brasil teve um ano marcado por desafios e expansão da sua representatividade no meio político. Somos o terceiro maior produtor mundial deste produto, com mais de 34 bilhões de litros por ano produzidos em 98% dos municípios brasileiros. Sendo predominante em pequenas e médias propriedades, a atividade emprega cerca de 4 milhões de pessoas, segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária.
O presidente da Associação Brasileira de Produtores de Leite (Abraleite), Geraldo Borges, afirmou que a pecuária de leite passa por grandes transformações nas áreas técnica, econômica e financeira. “No setor técnico podemos citar as automações dos processos nas fazendas com a utilização de computadores, sensores e informações para aprimoramentos e aperfeiçoamentos levando a tomadas de decisões mais assertivas”.
Desafios
O maior desafio está sendo competir com as importações de leite no pós-Mercosul, de acordo com Geraldo Borges. “Isso demostrou o quanto ainda precisamos aprender a jogar no mercado internacional de leite. Fomos pegos de surpresa e tivemos baixa capacidade de resposta frente à grande desvalorização do peso argentino e ao novo cenário mundial com a redução das compras da China. Tudo isso aponta para nossa necessidade de nos organizarmos como cadeia de leite brasileira e também globalizada”, explicou.
Representatividade
2023 foi um ano em que a cadeia leiteira participou de vários movimentos políticos e técnicos. A Abraleite foi atuante na aproximação do setor produtivo com os Ministérios, Câmara dos Deputados e Senado para apoiá-los nas tomadas de decisões benéficas para o setor.
“Participamos e co-realizamos reuniões no Congresso Nacional pautadas no combate à crise instalada no setor leiteiro e de incentivo a medidas contra importações predatórias e estruturantes da cadeia produtiva. Também colaboramos para decisões relacionadas ao Marco Temporal. Durante este ano, firmamos novas parcerias, difundimos artigos científicos relacionados à produção e o consumo de leite. Reforçamos para a sociedade que podemos produzir com responsabilidade social, ambiental e econômica, incluindo boas práticas com os animais”, ressaltou o presidente da Abraleite.
Expectativas para 2024
O setor leiteiro vislumbra para o próximo ano a implementação de assistência técnica focada no aumento da produtividade sustentável nos diversos setores das fazendas, manter os cuidados com a sanidade do rebanho e ainda se conectar cada vez mais com as novas tendências de bem-estar animal, ESG, medições e mercado de carbono, incluindo também a rastreabilidade e as exigências das indústrias e dos consumidores para novos produtos lácteos.
“Por último, a cadeia precisa aprender que os elos são interdependentes e sinérgicos. O insucesso de qualquer elo deixa a cadeia mais fraca na região. A água esvazia o balde pelo furo mais baixo”, finalizou.
Por Equipe SNA