Os embarques de carne de frango do Brasil, maior fornecedor global, deverão aumentar 8% em 2016, contra uma expectativa inicial de alta de 3% a 5% no ano, estimou nesta terça-feira a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), devido a vendas aquecidas para China e Oriente Médio, entre outros destinos.
Nos seis primeiros meses do ano, o volume exportado pelo País foi de 2.3 milhões de toneladas, alta de 13,8% em relação ao mesmo período de 2015, com destaque para a China, segundo maior comprador de carne de frango do Brasil, com alta de 110% no período.
“Eles têm problemas de reservas hídricas, de migração do campo para cidade, e muitos problemas de sanidade”, disse o presidente da ABPA, Francisco Turra, para reforçar o otimismo com os negócios com a China também no longo prazo.
A Arábia Saudita, principal destino da carne de frango do Brasil, elevou suas compras em 20% no primeiro semestre, informou a ABPA.
Ainda assim, as indústrias disseram que o cenário de 2016 é de crise, já que muitas não acessam o mercado de exportação e para todas houve uma forte alta nos custos dos insumos das rações, principalmente do milho.
Nesse contexto, a produção de carne de frango no País este ano deverá cair para 13 milhões de toneladas, contra 13.14 milhões de toneladas em 2015 e 13.5 milhões de toneladas da previsão inicial para 2016, devido à crise de abastecimento de milho.
“As exportações foram a saída, mas o setor viveu crise, com empresas fechando. O preço dos insumos foi para as nuvens, foi terrível”, disse Turra.
O Brasil realizou, desde o fim de 2015, fortes exportações de milho, na esteira de um câmbio bastante favorável, esgotando os estoques domésticos e obrigando indústrias de aves e suínos a comprar grãos a preços recordes.
Segundo a ABPA, a oferta de carne de frango no mercado interno deverá recuar 5% em 2016 em relação a 2015, o que deverá gerar aumento de preços aos consumidores.
Estratégia
Além de reduzir a produção de frangos, as empresas estão buscando mecanismos de mercado para equilibrar a oferta e seu consumo de milho.
“Queremos que o produtor brasileiro fique fidelizado à agroindústria brasileira, que apenas o excedente (de milho) seja exportado”, disse Turra.
Segundo ele, muitos produtores de aves e suínos já começaram a negociar com agricultores e cooperativas os contratos para fornecimento em 2017, na expectativa de estimular o plantio.
“O produtor, se tiver garantia, ‘já vendi minha safra adiantada para tal empresa’, vai plantar”, afirmou o executivo, sem detalhar volumes de negócios antecipados.
Suínos
As exportações de carne suína do Brasil deverão fechar 2016 com alta de 28% em volume na comparação com 2015, devido à boa demanda da China e da Rússia, projetou a ABPA.
Vivendo situação de margens apertadas semelhantes às do setor de frango, o setor de suínos deverá produzir 3.64 milhões de toneladas desse tipo de carne em 2016, estável em relação a 2015. Anteriormente, a previsão era de um aumento para 3.76 milhões de toneladas produzidas.
Fonte: Reuters