Abiove reduz estimativas de safra e exportações de soja do Brasil, mas mantém a de processamento recorde

Com a colheita superando cerca de 70% da área plantada do Brasil, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), segundo números divulgados nesta segunda-feira, revisou a sua estimativa da safra do País para 125.3 milhões de toneladas em 2022, com queda de 7,70% em relação à estimativa do final de janeiro, e com mais perdas pela seca quantificadas.

Apesar de uma redução de 10.5 milhões de toneladas na estimativa, que deixa a produção distante da máxima das 138.8 milhões de toneladas de 2021, a Abiove não alterou a estimativa de processamento da oleaginosa para este ano, projetada em recorde de 48 milhões de toneladas, com margens saudáveis para a produção de farelo e óleo.

Por outro lado, a estimativa das exportações de soja em grão foi reduzida em 9.2 milhões de toneladas, para 77.7 milhões de toneladas, após os EUA registrarem muitas vendas neste início de ano diante da menor oferta brasileira.

“Na exportação de soja, as empresas estão lidando com o cenário mais tenso, mais adverso do que se projetava antes. Mas quero olhar o copo meio cheio. O positivo é a indústria brasileira competitiva e moderna para atender as necessidades do mercado”, disse o economista-chefe da associação, Daniel Furlan Amaral.

Derivados

A redução na exportação de grãos levou a Abiove a diminuir a estimativa de faturamento com embarques do complexo farelo e óleo, agora estimada em US$ 51.4 bilhões em 2022, versus US$ 56.3 bilhões previstos em janeiro. Mas ainda assim o saldo será recorde, com os preços dos produtos acima dos de 2021, quando as receitas geradas totalizaram US$ 48 bilhões.

Caso a estimativa de exportação de soja se confirme, a queda em volume em relação ao recorde de 2021 seria de quase 10%, enquanto o processamento aumentaria 0,50% na comparação anual, com o País utilizando estoques da temporada passada. Assim, os estoques no final de 2022 foram estimados em 1.9 milhão de toneladas, o menor volume em mais de uma década, pelo menos, segundo os números da Abiove.

A colheita de soja do maior produtor global ficará, na estimativa da Abiove, cerca de 20 milhões de toneladas abaixo das estimativas iniciais, o que fez saltar os preços globais da matéria-prima e derivados, deixando boas margens para as indústrias locais exportarem, principalmente.

“Os mercados do farelo e do óleo têm se mantido com boas margens, mantendo a capacidade da indústria de reter a soja para atender o mercado (com derivados)”, disse Amaral.

Projeções

A Abiove manteve a estimativa das exportações de farelo de soja do Brasil em um recorde de 18.3 milhões de toneladas, o que seria um aumento de mais de 1 milhão de toneladas em relação a temporada passada, enquanto as exportações de óleo de soja atingirão 1.7 milhão de toneladas, perto da máxima registrada pela última vez em 2012 (1.756 milhão de toneladas).

“Colocamos a previsão de 1.7 milhão de toneladas, mas com certo viés de alta é possível que a gente acabe exportando até mais do que isso, o mercado internacional está demandando muito”, afirmou Amaral.

Essa avaliação da entidade, que representa multinacionais como ADM, Bunge, Cargill e Dreyfus e que não revisava seus números desde o final de janeiro, foi antecipada à Reuters pelo presidente da Abiove, em entrevista em fevereiro, quando ele pontuou também que o Brasil exportaria menos soja em grão.

Índia

No caso do óleo, a Índia, maior importador de óleos vegetais, está muito ativa no mercado brasileiro. Os embarques do Brasil no primeiro bimestre totalizaram 261.600 toneladas, mais do que o dobro das 92.700 toneladas do mesmo período do ano passado, com os indianos importando sozinhos 182.160 toneladas, segundo dados do governo.

Mercado interno

No mercado interno, o consumo de óleo foi estimado em 7.9 milhões de toneladas, com uma redução em relação ao ano passado (8 milhões de toneladas) e na comparação com 2020 (8.5 milhões de toneladas), uma vez que o País adotou uma mistura menor de biodiesel.

Já as vendas de farelo para o mercado interno deverão cair para 18.1 milhões de toneladas, em relação as 19.2 milhões de toneladas em 2021, mas a Abiove acredita que o consumo não vai necessariamente diminuir, uma vez que o setor está com estoques do ano passado.

 

 

Fonte: Reuters

Equipe SNA

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