Abiove: exportação de soja renderá menos

As exportações nacionais do complexo soja (grão, farelo e óleo) deverão render US$ 31.6 bilhões neste ano, pouco menos que em 2019 (US$ 32.6 bilhões), estimou a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). Em dezembro, a entidade projetou US$ 32.7 bilhões.

Segundo o cenário atualizado na sexta-feira, os embarques do grão, que encabeçam essa pauta, deverão recuar 1,30%, para US$ 25.7 bilhões, em virtude de quedas previstas tanto para o volume de vendas (0,80 para 73.5 milhões de toneladas) quanto para os preços médios (0,60%, para US$ 350,00 por tonelada). Em janeiro, o volume estimado chegava a 75 milhões de toneladas.

Em relação ao farelo, a Abiove ajustou suas contas para US$ 5.5 bilhões em divisas em 2020 – 5,90% abaixo de 2019, fruto de um volume de vendas estimado de 16.2 milhões de toneladas (queda de 2,90%) e de um preço médio de US$ 340,00 por toneladas (queda de 3,10%).

No caso do óleo, os embarques deverão ficar em US$ 360 milhões – 48,20% menos que em 2019, com o volume previsto de 500.000 toneladas (recuo de 52%) e o preço médio, em US$ 720,00 (aumento de 7,90%).

Será mais um ano, portanto, de exportações relativamente baixas. Isso ocorre após o recorde de 2018, quando apenas os embarques da soja em grão alcançaram US$ 33.2 bilhões e 83.2 milhões de toneladas, impulsionadas pela forte demanda de uma China que começava a se desentender com os Estados Unidos em questões comerciais.

O biênio 2019 e 2020 será de influência negativa da Peste Suína Africana no país asiático, o que levou a uma redução do plantel de porcos e encolheu a demanda por soja para a fabricação de ração.

“As estimativas também consideram a normalização do comércio internacional, após a assinatura da primeira fase do acordo comercial entre Washington e Pequim. A China deve voltar a fazer compras mais distribuídas”, disse Daniel Amaral, economista-chefe da Abiove.

Mesmo revisado para baixo, o volume de exportações de soja em grão projetado pela entidade é maior que o estimado pela Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), que na quinta-feira previu 72 milhões de toneladas.

Também na semana passada, o USDA elevou a sua estimativa para os embarques brasileiros ao longo da temporada, de 76 milhões para 77 milhões de toneladas.

Mas, ao mesmo tempo em que a China está precisando de menos soja para ração, tem importado mais carnes, inclusive do Brasil. Assim, a Abiove corrigiu para cima o cenário traçado para o esmagamento do grão e agora estima em 44.5 milhões de toneladas – 500.000 toneladas a mais do que em janeiro e volume 2,50% maior do que o de 2019.

Diante de uma colheita estimada pela entidade em 123.7 milhões de toneladas – 900.000 toneladas acima do quadro traçado em janeiro e 4,20% maior que a de 2019, o “reforço” é significativo e representará um novo recorde.

Se vai gerar mais farelo, o aumento do esmagamento da soja, como não poderia deixar de ser, também vai aumentar a oferta de óleo, que tende a ser absorvido pela produção de biodiesel, cuja mistura no diesel vai aumentar para 12% em março.

Valor Econômico

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