A revolução no campo: tecnologias e inovações – por Marcos Fava Neves

Laboratório de genética molecular da Embrapa em Brasília. Foto: Eraldo Peres

 

A evolução nos resultados do agro foi possibilitada pelo avanço na pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias, seja por iniciativas públicas (como o trabalho da Embrapa) ou privadas, que viram no agro brasileiro oportunidades de negócios. A crescente demanda por alimentos também influiu no mercado de máquinas e equipamentos agrícolas, que trouxe à agricultura moderna à mecanização dos processos produtivos, substituindo os instrumentos rústicos ou a mão de obra “braçal”, que eram utilizados no século passado, por máquinas extremamente modernas e precisas.

Ferramentas como sensores, drones e inteligência artificial desempenham um papel essencial na otimização operacional. Proporcionam eficiência, redução de custos e aumento significativo na produção. Sensores monitoram precisamente solo e plantas, permitindo intervenções eficientes, enquanto drones facilitam o monitoramento em larga escala de pragas, doenças, plantas daninhas, umidade do solo, clima e muitos outros aspectos. A inteligência artificial, por sua vez, processa dados em grande escala, transformando informações em insights valiosos.

Historicamente, a gestão de áreas agrícolas era feita por talhões (grandes divisões dentro das propriedades); passaram a ser feitas por hectare (10 mil m2 ou aproximadamente o tamanho de um de um campo de futebol); e com o advento da tecnologia, costumo dizer que já estamos fazendo a gestão por m2, ou seja, corrigindo o solo ou aplicando produtos de forma extremamente precisa, o que gera uma economia relevante no campo e maior eficiência na produção: é “fazer mais com menos”.

Entre as principais tendências de tecnologias no mercado agro temos a inteligência artificial, IoT (internet das coisas), automação, digitalização, machine learning e aumento da conectividade e do uso de sensores. Muitas dessas inovações tem sido criadas pelas startups do agro, ou as Agtechs como são também conhecidas: são 1.953 ativas no Brasil, segundo o Radar Agtech 2023.

Destas, 17% apresentam soluções para agentes que se encontram “antes da fazenda”, tais como: serviços financeiros, de crédito ou seguro; insumos agrícolas e animais; análises laboratoriais; sementes, mudas e genética; marketplaces para vendas de insumos; e outros. 42% oferecem soluções para as atividades que acontecem “dentro da fazenda”, das quais: sistemas de gestão das propriedades; plataformas de dados; drones, máquinas e equipamentos; sensoriamento remoto e monitoramento climático; educação e mídias sociais; internet das coisas (IoT) para detecção de pragas, análise de solo, clima e irrigação; controle biológico; gestão de resíduos; entre outras. E os outros 41% concentram soluções para os agentes “após a fazenda”, com destaque para: armazenamento, infraestrutura e logística; alimentos e novas tendências alimentares; plataformas de vendas de alimentos; bioenergia e energia renovável; restaurantes online e kit refeições; segurança e rastreabilidade de alimentos; sistemas de gerenciamento de lojas e serviços de alimentos; e outros.

Embora as tecnologias tenham “dispensado” algumas funções humanas ao longo dos anos, elas também geraram uma grande demanda por profissionais altamente capacitados, capazes de operacionalizá-las e e contribuir para o desenvolvimento de novos produtos, soluções e impulsionar a inovação. Imaginem quanto conhecimento é necessário para viabilizar as possibilidades que citamos anteriormente; e sim, ainda existe um grande “gap” por mão de obras nestas áreas.

Se antes a agricultura era conhecida pelas atividades manuais, de alto esforço físico e modelos rudimentares, hoje, se destaca por ser um dos setores mais tecnológicos e com grande espaço para inovações e modernização. O agro é tech, é pop e referência para muitas outras áreas, gerando tecnologias que permitem cada vez mais o desenvolvimento sustentável e a inserção de pessoas.

Marcos Fava Neves é professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP (Ribeirão Preto – SP) da FGV (São Paulo – SP) e fundador da Harven Agribusiness School (Ribeirão Preto. Diretor Técnico da SNA e especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio. Confira textos e outros materiais em harvenschool.com e veja os vídeos no Youtube (Marcos Fava Neves). Agradecimentos a Vinicius Cambaúva e Rafael Rosalino. 
Artigo publicado originalmente na revista Veja e gentilmente cedido pelo autor. 
Equipe SNA – imprensa@sna.agr.br

 

 

 

 

 

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