Brasília-DF, 16/05/2013 – Tenho me concentrado em debater questões atuais e que interessam, efetivamente, à nossa sociedade. Não exponho aqui minha opinião pura e simples. Com o condão de enriquecer o debate, sempre me escudo em acadêmicos renomados, pesquisadores e especialistas nos temas que proponho.
Hoje, trato da questão indígena no Brasil e demonstro que a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), que deveria existir para defender os interesses dessas comunidades, é quem mais “joga contra”, utiliza de má fé e cria embaraços à preservação dos índios e ao desenvolvimento do Brasil.
Encontrei na bem elaborada obra “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil”, de autoria do pesquisador e jornalista Leandro Narloch, o resgate da verdadeira história do nosso País. Não a que foi candidamente criada, mas a que de fato aconteceu. Interessante observar que a obra começa abordando exatamente a origem dos nossos índios, com base em longas pesquisas, o autor afirma:
“Os historiadores já fizeram retratos bem diversos dos índios brasileiros. Nos primeiros relatos, os nativos eram seres incivilizados, quase animais que precisaram ser domesticados ou derrotados. Uma visão oposta se propagou no século 19, com o indianismo romântico, que retratou os nativos como bons selvagens donos de uma moral intangível. Parte dessa visão continuou no século 20. Historiadores como Florestan Fernandes, em sua ‘A Função Social da Guerra na Sociedade Tupinambá’, de 1952, relata que a cultura indígena original e pura teria sido destruída pelos gananciosos e cruéis conquistadores europeus. Sendo esses índios, os bravos e corajosos que lutaram contra os portugueses. Surgiu assim o discurso tradicional que até hoje alimenta o conhecimento popular e difundi do em salas de aula. Na última década a historia mudou outra vez. Em uma nova leva de estudos, que ainda não se popularizou, sem negar as caçadas que os índios sofreram, os pesquisadores mostram que eles não foram só vítimas indefesas. Muitos índios foram amigos dos brancos, aliados em guerras, vizinhos que se misturaram até virar a população brasileira de hoje, como observa a historiadora Maria Regina Celestino de Almeida, em sua tese ‘Os Índios Aldeados no Rio de Janeiro Colonial’, do ano de 2000, quando afirma que ‘os índios transformaram-se mais do que foram transformados’. Mais do que isso, por mais revolucionários que fossem as roupas e os objetos europeus, os índios não viam sentido em acumular bens e logo se cansavam de facas, anzóis e machados. Queriam era a qualidade de vida que viam nos europeus.”
Busquei essa longa citação da obra para mostrar que a mais ampla pesquisa feita em comunidades indígenas no Brasil, pelo Instituto Datafolha, em 2012, confirma exatamente isso. Para o desespero da FUNAI e dos pseudo ambientalistas, bancados com milhões de euros, e que já denunciei neste espaço, os índios responderam na pesquisa citada que não têm interesses em mais terras que as que já possuem. Eles desejam, sim, é ter acesso a serviços públicos de qualidade, como saúde e educação e a bens de consumo.
A prova maior da má fé, do desespero da utilização ideologizada da FUNAI e dos que se dizem defensores da natureza e utilizam os índios como fonte de “grandes e suspeitos negócios”, que também já abordei aqui, comprovou-se na invasão do plenário da Câmara dos Deputados na sessão do dia 17 de maio. Entendo e defendo ardorosamente, que aquela Casa é o mais legítimo espaço para se debater as questões nacionais. Ali discutimos, democrática e ordeiramente, tudo que a sociedade necessita com amplos e públicos debates. Por isso, não é aceitável que setores que afirmam representar segmentos im portantes de nossa sociedade atentem contra nossa democracia ao tentar transformar o Congresso Nacional em palco de fanfarronices encobrindo seus reais interesses.
Mais do que isso. Represento dentro do espírito democrático que norteia nossa sociedade, o setor produtivo brasileiro. Aquele que contribui sobremaneira para o PIB nacional, que mais paga impostos, e o mais prejudicado pelas “ações” da FUNAI e desses pseudo defensores de “causas milionárias e mal esclarecidas”, e que se alimentam também do que produzimos.
Não aceitamos que apelem para medidas que a democracia já baniu de nossa sociedade, como guerrilhas e guerrinhas urbanas, menos ainda, quando tentam transformar em campo dessas falsas batalhas o Congresso Nacional.
Se o Congresso Nacional existe, basicamente, para debater com a sociedade e legislar em seu nome, por que razão a FUNAI e esses baderneiros querem impedir que discutamos ali, de maneira ordeira e democrática como sempre propomos a PEC 215/00? Se não cabe a nós, Congresso Nacional legislar, a quem essa gente deseja transferir essa prerrogativa? O que há de verdade por trás desses interesses? Quem é, de fato, a FUNAI e essa gente, e o que eles, sinceramente desejam e a quem representam? Aos nossos índios e ao Brasil certamente que não é. A história comprova isso.
Rubens Moreira Mendes Filho é deputado federal pelo PSD-RO e foi presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).
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