A política do café e as expectativas para a Safra 2025. Por Silas Brasileiro

Silas Brasileiro, à esquerda, cumprimenta o ministro da Agricultura Carlos Fávaro. O Ministro concedeu um pedido feito pelos representantes do Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC) no sentido de contingenciar recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira, FuncaféFoto: Divulgação CNC

A próxima safra de café em 2025 tem sido motivo de diversas considerações feitas com informações que confundem cada vez mais o mercado. Ora são otimistas e, em outras, extremamente negativas. Não gostamos do termo “especulativo”, no entanto, as considerações são feitas de uma forma em que o termo talvez seja o mais apropriado. São muitos achismos e considerações que levam informações de certa forma pejorativas, o que não é bom para os produtores, nem para os consumidores, e muito menos para o mercado.

Em geral, estamos vivendo um momento em que, com chuvas regulares nas principais regiões produtoras no período em que ocorre o desenvolvimento do fruto, ou seja, o “enchimento” do grão de café, se tivermos precipitações e temperaturas como estão ocorrendo neste momento, teremos, sim, uma produção – como já afirmamos anteriormente – suficiente para as exportações e o consumo interno.

Regulamento da União Europeia

É de bom alvitre que o estoque de passagem, considerado em 31 de março, existente no país, deve ser somado à safra que será colhida. Então, não existe café escondido e, sim, cafés remanescentes de safras anteriores. É importante considerar que o número recorde de exportação pelo Brasil não foi só pela qualidade de nosso café e a observância dos princípios da sustentabilidade social e ambiental, mas também devemos considerar que a entrada em vigor do Regulamento da União Europeia sobre Produtos Livres de Desflorestação (EUDR), em 31/12/2024, fez com que o mercado externo buscasse se proteger antecipando suas compras.

Cabe ressaltar que tanto os países produtores/exportadores quanto o consumidor final não tinham informações suficientes de como seria a verificação da aplicação da legislação. Essa também é uma das razões.

Precauções com relação ao mercado

No entanto, deve ser considerado que outros grandes exportadores que poderiam abastecer o mercado se protegeram com relação aos preços praticados, que eram baixos, e contribuíram para os preços praticados hoje, que são elevados. Para os países produtores, inclusive o Brasil, não interessam preços elevados, que poderão, como consequência, promover um aumento de cultivo. Em condições climáticas normais, trará, a curto prazo, um desequilíbrio entre oferta e demanda, o que inevitavelmente reflete nos preços praticados. Como um dos representantes da cafeicultura brasileira, afirmamos que devemos ter precauções com relação ao mercado. Temos alertado todos sobre possíveis consequências, principalmente no reflexo daqueles que estão na ponta, que são os consumidores, ou seja, que habitualmente tomam seu café.

O Ministro Carlos Fávaro concedeu um pedido feito pelos representantes do Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC) no sentido de contingenciar recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira, Funcafé, para pesquisa, promoção do café e atualização do parque cafeeiro, com valor substantivo de R$ 30 milhões, sendo que R$ 19 milhões já foram liberados para pesquisa, R$ 4,5 milhões também liberados, restando R$ 6,5 milhões que ainda deverão ser considerados e avaliados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, principalmente através da Secretaria de Política Agrícola, em reunião que acontecerá no próximo dia 21, terça-feira, com uma pauta encaminhada ao secretário Guilherme Campos Neto e sua equipe.

É bom lembrar que, para conduzir esse processo, após aprovação do Mapa, foi criado um grupo informal de trabalho para sua condução. Ele é composto pela ABIC, que representa o café torrado e moído; a ABICS, que representa o café solúvel; CECAFÉ, que representa a exportação; e CNA e CNC, que representam a produção.

Para conduzir o processo, o grupo elegeu o representante da ABICS, Agnaldo José de Lima, que coordena as reuniões e conduz de forma técnica os assuntos, contando com a aprovação de todos.

No entanto, devemos considerar que não foi aprovada até aqui a aplicação dos R$ 6,5 milhões restantes dos recursos contingenciados, por não termos ainda o projeto que atendesse ao grupo informal criado, em sua maioria. Motivo da audiência do próximo dia 21.

Esperamos, pois, que possamos, nessa oportunidade, garantir os recursos do Funcafé para execução do levantamento atual do parque cafeeiro e atendimento da legislação europeia, agora prorrogada para ser aplicada a partir de dezembro de 2025. No entanto, há de se considerar que a produção de café do Brasil se enquadra dentro dos princípios da sustentabilidade já exigidos pela EUDR.

Por Silas Brasileiro: Presidente do Conselho Nacional do Café (CNC)
Assessoria de Comunicação CNC
Alexandre Costa – alexandrecosta@cncafe.com.br
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