As melhorias nos tratos dos animais geram impactos econômicos na cadeia da carne suína, a mais consumida do mundo. “Calculamos que as perdas causadas por problemas relacionados ao bem-estar cheguem a 0,15% dos animais desembarcados nos frigoríficos”, revela o pesquisador Osmar Dalla Costa, gestor do Núcleo Temático de Produção de Suínos da Embrapa Suínos e Aves (SC).
O índice pode parecer pequeno, mas como a cadeia tem proporções gigantescas (o Brasil é o quarto maior produtor mundial de carne suína), esse percentual representa perdas anuais de cerca de R$ 30 milhões.
Apenas em 2017, o País produziu 3,76 milhões de toneladas de carne suína, um mercado de grande relevância econômica sujeito a perdas que podem ser evitadas. Os especialistas ressaltam que animais machucados podem provocar perdas na produção e suínos sob estresse geram carne com qualidade inferior.
Para avaliar o problema, uma equipe de pesquisadores identificou os principais fatores de riscos para as ocorrências de fraturas, fraturas sacrais ou hematomas, principais causas de condenação de carcaças nos frigoríficos.
De acordo com Dalla Costa, foram selecionados 22 fatores, número elevado que evidencia, porém, os vários fatores e a complexidade das causas ligadas às perdas.
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ANTES DO ABATE
Para essa análise, foram estudados os eventos que ocorrem nas 24 horas que antecedem o abate dos animais nos frigoríficos.
“Parece pouco tempo, mas não é. A maneira como os animais são tratados nesse período influencia, inclusive, a qualidade da carne que é colocada na mesa”, enfatiza Dalla Costa.
Os animais que chegam à indústria devem estar limpos, saudáveis, sem hematomas nem machucados, não estressados, aptos ao manejo, com adequado desenvolvimento muscular e capacidade motora.
O trabalho de pesquisa levou em conta 96 variáveis relacionadas ao ambiente, às instalações e ao manejo dos animais na granja, no embarque, no transporte, no desembarque e no período de descanso no frigorífico, e à tipificação das carcaças.
“Os resultados evidenciaram que a incidência de fratura sacral foi a maior causa de condenações de carcaças nos frigoríficos estudados”, revela o pesquisador, afirmando que esse tipo de fratura acontece devido à forte contração muscular que pode ocorrer durante o atordoamento elétrico dos suínos.
Grande parte das condenações, portanto, foi causada quando os animais já estavam dentro do frigorífico, na última fase desse manejo. As condenações por fratura, fratura sacral e hematomas representaram 40% do total.
ABOLIR AS GAIOLAS
Especialista em bem-estar animal da Proteção Animal Mundial (World Animal Protection), Paola Rueda diz que a cadeia produtiva dos suínos é uma das mais delicadas nesse aspecto. Para ela, uma das primeiras e fundamentais ações seria abolir as gaiolas em todas as fases de produção. Geralmente as gaiolas são empregadas na gestação e na lactação.
“É preciso usar densidades adequadas de animais nas baias e diminuir o uso das mutilações e, se necessárias, usar analgesia e anestesia. Além disso, definir protocolos adequados de eutanásia e planos de contingência para situações críticas como a greve dos caminhoneiros”, recomenda a cientista.
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Fonte: Embrapa Suínos e Aves com edição d’A Lavoura