Os avanços tecnológicos no campo estão exigindo do produtor rural brasileiro um grau de conhecimento especializado que não era necessário uma década atrás. Além disso, nos últimos anos, o agronegócio tem atraído a atenção de um público mais jovem interessado em se aperfeiçoar e descobrir novidades em matéria de tecnologia.
A constatação é do ex-ministro e titular da Academia Nacional de Agricultura da SNA, Roberto Rodrigues. Em recente artigo, ele destacou alguns dos aspectos dessa busca constante pelo saber.
“Cada vez está mais claro que o valor da terra vai ficando menor relativamente aos investimentos em tecnologia, que o conhecimento é a alavanca para o sucesso e que as boas cooperativas são indispensáveis para a inovação chegar aos pequenos”.
Inovações
Segundo Rodrigues, é cada vez maior a quantidade e a qualidade das tecnologias inovadoras recém-criadas em todas as áreas do conhecimento para o campo, que são apresentadas em diversas feiras do agro no País.
“Máquinas e equipamentos agrícolas sofisticados (controlados por) computadores de bordo otimizam o tempo de trabalho, minimizando deslocamentos e reduzindo o consumo de combustíveis. (Há) bioinsumos diversos, desde inseticidas biológicos até fertilizantes compostos. (Já as) ferramentas de gestão digital criadas por startups permitem o controle muito mais rigorosos de custos, estoques e da própria contabilidade. Enfim, (há) um sem-número de novidades”, salientou o ex-ministro.
“Milhares de produtores profissionais buscam a última palavra em tecnologia, sobretudo na incorporação de tecnologias da informação (TI).”
Público jovem
Sobre o crescente interesse dos jovens pelo setor, o ex-ministro ressaltou que “rapazes e moças bem-informados confirmam a teoria de que, hoje em dia, a sucessão no campo se dá via estudo e aperfeiçoamento. Não (há) espaço para amadorismo e achismo”, disse.
Feira
Para Rodrigues, as raízes históricas desse cenário atual começou em 1994 com a realização da Agrishow, que hoje é considerada a maior feira internacional de tecnologia agrícola do Brasil. O evento surgiu a partir de uma parceria entre a Secretaria da Agricultura de São Paulo e a então recém-criada Associação Brasileira do Agronegócio (Abag).
O ex-ministro lembra que, na época, a Secretaria de Agricultura contribuiu com o local para a realização da feira (a Estação Experimental de Ribeirão Preto, do Instituto Agronômico de Campinas), e a Abag garantiu a operação e o financiamento do evento, “visto que o Estado não tinha recursos nem flexibilidade para tocar o projeto”.
“A Agrishow foi um ponto de inflexão da tecnologia para o agronegócio. Os fabricantes de equipamentos e máquinas que não modernizaram seus produtos foram engolidos pelos concorrentes. Quem não investiu em tecnologia ficou ‘na estrada’”, concluiu o acadêmico.