Debates sobre inovação, tecnologia e empreendedorismo marcaram o evento de inauguração do SNASH, o hub de startups da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).
Com atuação nacional e global, o novo ecossistema de inovação da SNA terá seu foco voltado para agtechs, greentechs, foodtechs e edutechs. O objetivo principal é gerar parcerias e oportunidades de negócios.
“Nosso hub de startups representa uma renovação para a Sociedade Nacional de Agricultura. Seu grande diferencial será promover a integração de todas as atividades realizadas na SNA, favorecendo conexões com o agro, com a educação e outros segmentos”, disse o presidente da SNA, Antonio Alvarenga, na abertura do evento.
Os debates foram coordenados pelo presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) e da Academia Nacional de Agricultura, Caio Carvalho.
“Vivemos uma realidade importante. O País deu um salto em desenvolvimento baseado na ciência, com empresas de insumos e entidades estaduais e privadas. O passo seguinte será discutir parcerias. A integração público-privada é a palavra mágica para o desenvolvimento do Brasil”, afirmou o executivo.
Novo ciclo
“A aliança entre o setor privado, a ciência e a tecnologia é fundamental para o desenvolvimento do agronegócio, que será cada vez mais intensivo em conhecimento científico e tecnológico”, reforçou o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Paulo Alvim.
Nesse contexo, disse ele, “precisamos pensar em um novo ciclo de capital humano e transformar isso em realidade. Esse é o maior desafio do Brasil hoje. É aí que entram as startups. Vamos precisar desse apoio”.
Segundo Alvim, “o agro das startups” será pautado pelas diversas áreas do conhecimento. “O mundo das agtechs e foodtechs são um desafio para o País e representam um novo momento para o agronegócio brasileiro”, destacou o ministro, acrescentando que os ecossistemas de inovação como o hub da SNA, que tem “o olhar voltado para especialização, mentoria, soluções inovadoras e a mitigação de riscos, estão se multiplicando cada vez mais e de forma estratégica no País”.
Celeiro de empresas
No caso específico do Rio de Janeiro, Alvim afirmou que o estado não pode perder a oportunidade de se transformar em um “celeiro de empresas” interessadas em conhecimento científico e tecnológico. “Precisamos trazer para o agro essa transversalidade de conhecimentos, dentro de uma estratégica de agregação de valor”, concluiu.
Marco Geral
Outro tema abordado durante o evento foi o Marco Geral das Startups (PL 146/2019). O senador Carlos Portinho, relator da proposta aprovada pela Câmara e Senado, disse que, com a nova legislação, “o Brasil dá um passo na era digital”, garantindo segurança jurídica aos investidores-anjos e às relações público-privadas.
“A lei empurra os estados a investirem em capacitação, em formação e na implementação de laboratórios de inovação como o da SNA”, destacou Portinho.
Para o senador, o estímulo à inovação e à tecnologia não se resume à redução do ISS. “Isso é um elemento pequeno da cadeia. O que a gente precisa fazer é aproximar a academia da indústria, que inclui o agro, junto ao Sebrae e aos hubs de inovação”.
Além disso, complementou Portinho, “os trabalhos acadêmicos precisam estar direcionados às necessidades da indústria, produzindo soluções inovadoras que vão gerar empregabilidade e empreendedorismo”.
Stock Options
“Queremos estimular parcerias, colaboradores e desenvolvedores, mas precisamos do empurrão do mercado”, ressaltou o senador, fazendo referência ao Marco Legal do Stock Options (PL 2724/2022), protocolado recentemente pelo Senado.
O projeto procura solucionar uma questão trabalhista não contemplada no Marco Geral das Startups, que é a opção de aquisição de ações de startups como bônus a seus colaboradores.
Mão de obra
Portinho também falou sobre a necessidade de retenção, no Brasil, dos “cérebros pensantes”, a fim de evitar que profissionais qualificados saiam do País para trabalhar no exterior. “Temos milhares de vagas para mão de obra qualificada no Brasil até 2025, e com o avanço das tecnologias haverá necessidade de milhões de vagas no mundo. Nosso desafio é impedir que nos ‘roubem’ esses profissionais”, disse.
“O Marco Legal destina os lucros para a qualificação, e incentiva a retenção desses cérebros no País, para estimular o desenvolvimento da inovação, a partir das nossas startups”, concluiu Portinho, que também defendeu ações de incentivo aos cursos técnicos.
Competência acadêmica
Maurício Guedes, diretor técnico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) falou sobre a recente iniciativa da instituição que, por meio de edital, está destinando R$ 40 milhões para pesquisas no agro, contemplando diversos setores, entre eles, o de startups.
“O agro hoje é blockchain, genética, Inteligência Artificial, robótica, e isso tudo é a cara do Rio, que tem uma grande competência acadêmica”, destacou Guedes, que por outro lado criticou “a baixa capacidade do estado em transformar conhecimento em emprego e renda”.
No entato, disse ele, “as startups, com seu capital intelectual de jovens, poderão solucionar esse problema”. Ainda segundo o diretor da Faperj, “com a explosão de startups, o País poderá avançar muito em inovação”.
Capital intelectual
Cláudio Furtado, presidente do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), falou sobre o processo de registro do capital intelectual das startups.
“Os investidores têm a noção do que é um time. As equipes iniciam um projeto, mudam seu modelo de negócio, e detectam oportunidades de crescimento no futuro. É isso que faz com que as startups tenham valor”.
Nesse sentido, o próximo desafio, segundo Furtado, “é fazer com que o capital intelectual das startups seja objeto de investimento e financiamento, principalmente na forma de crédito”.
Serviços
Na ocasião , o executivo ressaltou o trabalho desenvolvido pelo INPI junto aos ecossistemas de inovação, nas modalidades presencial e virtual, com serviços de mentoria, assistência a empreendedores e capacitação de consultores. “O INPI é um pilar dessa inovação tecnológica, onde registros e capital intelectual são elementos de um processo de negócio”, disse.
Plataforma
Fred Santoro, empreendedor e CEO da Raketo Venture Market, falou sobre as metas de sua plataforma, que orienta as startups a crescerem de maneira sustentável, gerenciando seus recursos, e que também auxilia os investidores a encontrar oportunidades de mercado com maior lucro e liquidez.
“Ajudamos milhares de startups a resolverem seus problemas diários”, disse Santoro, acrescentando que hoje há uma necessidade de atrair mais investidores para as startups. O executivo destacou ainda o trabalho da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que neste ano, por meio da Resolução 88, atualizou as regras que regulamentam as plataformas de crowdfunding de investimentos.
Ainda durante o evento de inauguração do SNASH, as startups que intergram o hub da SNA realizaram sessões de pitch para apresentar seus projetos.
Equipe SNA