Estimativas indicam safra recorde de trigo no Brasil

Colheita de trigo: produção cresce a cada safra.

A produção de trigo no Brasil avança a cada ano e as estimativas indicam que a safra 2022/23 será recorde. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), 9.16 milhões de toneladas de trigo devem ser colhidas nesta safra, com o aumento da área de plantio. O volume representa uma alta de 19,3% em comparação à safra 2021/22.

No entanto, a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) aposta em uma projeção mais otimista, e estima que a produção deverá totalizar 10 milhões de toneladas.

Para o presidente da associação, Rubens Barbosa, os investimentos para aumentar a área e a produção de trigo podem fazer com que o Brasil, que é importador do cereal, seja autossuficiente em cinco anos – período mais acelerado que os 10 anos previstos pelo governo.

Segundo o vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Hélio Sirimarco, a perspectiva de recorde na produção, caso se confirme, “será um fato inédito no País” que pode ser explicado por fatores como “o desenvolvimento de novas cultivares que possibilitarão o plantio em outras regiões, como no Centro-Oeste”.

No Brasil, a colheita do trigo já começou em estados como o Paraná, que recentemente foi atingido por geadas. “Os técnicos do Departamento de Economia Rural do estado (Deral) já haviam previsto que as condições da safra seriam prejudicadas em função das geadas. No entanto, a produção total, mesmo com o atual cenário, deverá aumentar em relação à safra anterior, período em que as tempestades foram mais fortes”, explicou Sirimarco, acrescentando que os prejuízos causados pelas geadas demoram alguns dias para se tornarem mais visíveis.

Boas práticas

Estudo recente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), realizado em parceria com 29 cooperativas que atuam na produção de trigo no País, mostrou que a adoção de boas práticas agrícolas pode aumentar em até 1.6 milhão de toneladas o volume de trigo produzido no Brasil.

No entanto, a pesquisa revelou que esse aumento não está relacionado à necessidade de ampliação de áreas de plantio e nem ao desenvolvimento de novas tecnologias.

Na verdade, o estudo cruzou dados estatísticos da produção de trigo e identificou os locais com rendimento abaixo do potencial para avaliar quais seriam os melhores resultados a serem obtidos em matéria de produtividade.

Dessa forma, os pesquisadores da Embrapa dividiram o país em quatro macrorregiões tradicionais de cultivo do cereal com condições semelhantes de temperatura, chuva, altitude e outros fatores que interferem na produtividade dos trigais.

Causas

A pesquisa apontou para diferenças no rendimento entre lavouras do cereal nas mesmas regiões produtoras, e a partir de um questionário aplicado aos cooperados foram identificadas as causas desse desequilíbrio.

Entre os principais motivos indicados está a baixa adoção de boas práticas relacionadas à promoção e à proteção do rendimento e ao manejo do solo. Neste caso, as boas práticas incluem ações como mitigação de riscos climáticos, o manejo fitossanitário, rotação de culturas, fertilidade do solo, entre outras.

Os produtores também relataram problemas de solo, como declividade elevada e solos rasos, e eventos climáticos, como geada e chuvas na colheita.

Outros motivos

O estudo identificou ainda questões estruturais, como as áreas das propriedades e das lavouras de trigo, mão de obra, máquinas e implementos, capitalização, percepção de risco, baixa expectativa de rendimento de grãos e a presença de áreas sob arrendamento.

Além disso, a pesquisa revelou a influência de aspectos culturais como o comportamento conservador dos produtores, que repetem o mesmo manejo ao longo do tempo, sem mostrar muito interesse com relação a inovações.

Rentabilidade

Ainda segundo a pesquisa da Embrapa, o País não explora todo potencial produtivo do trigo. No entanto, a rentabilidade da cultura é um aspecto decisivo para as tomadas de decisão dos produtores.

“O aumento na produção tritícola que se espera pode vir de uma combinação de estratégias, que podem incluir a expansão das áreas de cultivo e a superação das lacunas de rendimentos”, disse o analista da Embrapa Territorial, André Farias.

Fontes: Cepea/Reuters/Valor
Equipe SNA
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