Mapa: riscos aumentam, mas cenário para o agro até 2032 segue favorável

Embora as perspectivas de longo prazo para o agro brasileiro continuem das mais promissoras, a atual conjuntura econômica global, marcada por elevações das taxas de juros e escalada inflacionária em diversos países, e em meio à invasão russa na Ucrânia, tende a deixar um pouco mais turbulento o caminho para o crescimento da produção e das exportações agrícolas e de proteínas animais do país, ao menos nos próximos anos.

“No segundo semestre deste ano, ainda veremos os preços das commodities subirem, em meio a custos elevados. Mas estamos escorregando para uma desaceleração econômica que pode levar a uma recessão nos Estados Unidos, na Europa e em outros países. Em 2023, vejo uma destruição de demanda e preços em queda”, disse na última quinta-feira o economista José Roberto Mendonça de Barros, sócio da MB Associados, em evento promovido pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e pelo Insper Agro Global.

Superado esse período difícil, a tendência para o agro brasileiro é de retomada de um ritmo mais forte e estável de expansão, até porque, para muitos especialistas, inclusive estrangeiros, o País é o que o que mais tem condições de ampliar a oferta de alimentos num cenário de crescimento da população global e de evolução de parte dessa população para um cardápio com produtos de maior valor agregado.

Revisão

Com isso, o Ministério da Agricultura reviu as suas estimativas para o setor na próxima década, como faz com regularidade, e projetou que a colheita de grãos do Brasil, por exemplo, aumentará 25,40% até a safra 2031/32, para 338.9 milhões de toneladas. Para este ciclo 2021/22, as contas indicam 270.2 milhões de toneladas.

Obviamente, estimativas desse tipo não levam em conta eventuais quebras provocadas por problemas climáticos, mas contemplam perspectivas para área plantada e produtividade, calculadas a partir do histórico recente e de investimentos e transformações tecnológicas em curso.

Para a área plantada de grãos, o ministério estima um aumento de 19,50% até 2031/32, para 87.7 milhões de toneladas, graças, sobretudo, à conversão de pastagens degradadas em lavouras. A diferença entre os percentuais de aumento do volume e da área é explicada pela produtividade. Espera-se um aumento de quase 70 milhões de toneladas na colheita anual de grãos do País na próxima década.

Para a produção de carnes em geral, o Mapa prevê um aumento de 6.8 milhões de toneladas. Na temporada 2031/32, serão 35.4 milhões de toneladas, contra as 28.6 milhões de toneladas estimadas para 2021/22. E se nos grãos o avanço será puxado por algodão em pluma (36%) e soja (32,30%), nas carnes, os destaques deverão ser o frango (27,80%) e os suínos (24,20%).

Liderança

O cenário traçado realça que o Brasil manterá a sua liderança na produção e nas exportações de produtos como café, açúcar e suco de laranja e com um novo patamar de produção para algumas das frutas frescas que mais exporta.

No caso do melão, por exemplo, a expectativa é de um aumento de 29,80% da produção até 2031/32; no da uva, de 27,60%. É o que apontam as novas estimativas do Ministério da Agricultura para grãos e carnes, entre outros produtos.

Fonte: Valor
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