Exportações de lácteos brasileiros aumentam 19% e importações recuam 21%

Leite e derivados. Foto: Divulgação/Mapa

A comercialização de produtos lácteos brasileiros no mercado internacional tem sido favorecida por alguns fatores como câmbio elevado, preços internacionais alcançando recordes e queda generalizada na produção de leite nos países exportadores.

Apesar do baixo volume exportado, as vendas de lácteos para outros países estão crescendo. Já as importações registraram queda nos últimos seis meses. A constatação é do presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), Geraldo Borges.

Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia indicam que as exportações de lácteos aumentaram 19% e as importações recuaram 21% no ano passado. Os embarques nacionais de produtos lácteos totalizaram 38.8 mil toneladas, com avanço de 19% em relação a 2020.

Entraves

Segundo Borges, é preciso haver um aumento de escala nas vendas externas, para que se possa garantir mais estabilidade à cadeia produtiva do leite nacional.

“Entraves para isso existem, é claro. Logística ruim, burocracia insana, impostos em cascata, legislações toscas e regulamentações desmedidas minam a competividade de nossas empresas”, disse o executivo. “Nós temos  dificuldade inclusive com containers, com embalagem e dificuldades de taxa de internacionalização do leite brasileiro na China.”

Esforço do governo

Para o diretor técnico da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Alberto Figueiredo, o aumento das exportações de lácteos podem ser impulsionadas “a partir da atitude corajosa do governo federal como um todo, em especial do Ministério da Agricultura, que deve liderar o processo, no sentido de identificar as regiões no território nacional que concentram maior volume de leite com qualidade para os padrões de exportação, bem como as indústrias, preferencialmente de cooperativas de produtores, com plantas mais adequadas.”

A partir dessa pré-seleção, explicou Figueiredo, “será necessário promover, por meio da designação de um gerente nacional para exportação de lácteos, reuniões presenciais e virtuais diárias com os envolvidos, relacionando os obstáculos existentes em todas as áreas, desde o financiamento para investimentos e capital de giro, até entraves tarifários e não tarifários, passando pelo envolvimento de especialistas em produtos lácteos adequados ao mercado externo”, destacou o diretor da SNA.

“Se as indústrias interessadas tiverem de agir isoladamente em todas as frentes, perderão energia rapidamente.
Esse é um projeto de interesse estratégico nacional, que necessita de ações sinérgicas e convergentes”, complementou Figueiredo.

China

Recentemente, a Abraleite participou, junto a outras organizações representativas do setor, de uma reunião com o Ministério da Agricultura para solicitar suporte às exportações de lácteos para a China, especialmente em relação às dificuldades enfrentadas pela cooperativa CCGL.

Borges também concorda que é necessária uma ajuda governamental “para que se faça uma desburocratização, principalmente no que tange à rastreabilidade dos produtos, que está relacionada a questões sanitárias exigidas pelos países asiáticos.”

Taxação

Além disso, disse ele, “é preciso que se tenha uma certa igualdade na questão da taxação de 10% para se colocar os produtos brasileiros na China, senão a competição se torno muito difícil”.

Por outro lado, Borges informou que a Secretaria de Comércio e Relações Internacionais (SRI) do Mapa já está trabalhando para tentar resolver os entraves. “Precisamos tentar fazer com que esses 10% da taxa de internacionalização do leite em pó brasileiro seja zerada”, pontuou o presidente da Abraleite.

Bloco

Ele afirmou ainda que um bom caminho para o Brasil melhorar sua balança comercial de lácteos é trabalhar em conjunto com os principais países produtores da América do Sul, Argentina e Uruguai, de forma a buscar melhores condições de negócio para todos. A ideia é compartilhada pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina.

Mercado interno

Quanto à situação no mercado interno, Borges reforçou que o quadro atual ainda é de grande dificuldade para os produtores, que têm suas margens de lucro pressionadas pelo grande aumento nos custos de produção, fator que acaba por refletir em suas receitas.

A cadeia produtiva do leite no Brasil gera atualmente mais de cinco milhões de empregos somente na produção primária e, de modo geral, em torno de 20 milhões de postos de trabalho diretos e indiretos.

 

 

Fonte: Canal do Leite

Equipe SNA

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