Os preços dos produtos lácteos no mercado externo, segundo a plataforma Global Dairy Trade (GDT), sinaliza recuperação. O analista da Embrapa Gado de Leite, Lorildo Stock afirmou, durante a reunião mensal de conjuntura do CILeite (Centro de Inteligência do Leite da Embrapa Gado de Leite), ocorrida em outubro, que o principal fator para a recuperação dos preços é a atividade da economia mundial, após a pandemia.
Segundo Stock, “o ano de 2021 começou com aumentos nos primeiros quatro meses em mais de 23%, puxados pela demanda chinesa, baixo nível de estoque mundial, e por uma menor oferta dos países exportadores”.
Em setembro, a alta do preço internacional do leite foi de 3,30% em relação a agosto, cotado a um preço bruto de US$ 0,43/kg. “Com a vacinação e o controle da pandemia da Covid-19 no mundo, há uma forte recuperação da demanda”, disse o analista.
O aumento do consumo, principalmente na China, o maior importador mundial de lácteos, vem puxando a cotação para cima. “Soma-se a isso o crescimento em menor ritmo da produção dos Estados Unidos, que afeta a oferta”, indicou o analista.
Preços
No Brasil, o preço líquido do litro de leite ao produtor chegou a quase o equivalente a US$ 0,46, valor acima da cotação internacional em 14%. Pesquisadores e analistas do CILeite explicam que o índice no mercado interno, embora ainda esteja influenciado pela entressafra que terminou em setembro, reflete principalmente o aumento dos custos de produção.
Glauco de Carvalho, também pesquisador da Embrapa Gado de Leite, argumentou que os preços das commodities agrícolas atingiram o maior nível desde outubro de 2015.
Os valores internacionais da soja e do milho influenciam diretamente nos custos de produção do leite. Mas, no caso brasileiro, utilizando dados atualizados do Instituto de Economia Agrícola, a cotação do milho nos primeiros nove meses de 2021 fechou a R$ 1,52/kg, em média. Isso representa o dobro em relação à média histórica 2018/2020. A soja teve um aumento menor, mesmo assim está 50% a mais do que a média histórica, em R$ 3,00/kg.
Custos altos
Carvalho disse, porém, que os custos estão altos em todo o mundo e não se limitam ao preço dos grãos, que compõem a ração do rebanho.
“O frete do transporte marítimo também está elevado, devido ao aumento da demanda mundial. Além disso, precisamos considerar a cotação do petróleo, provocando aumento dos combustíveis em todo o mundo”, destacou o pesquisador.
Outro fator identificado pela elevação dos custos, e que ganhou destaque nas últimas semanas, se refere à baixa oferta de fertilizantes no mundo. O Brasil é um grande importador de fertilizantes, principalmente de potássio. Na pecuária de leite, o fertilizante impacta na produção de volumoso.
Para os analistas e pesquisadores da Embrapa, há uma demanda maior de modo geral no mundo e a China, grande produtor desse insumo, teve de reduzir a produção para se adequar aos novos parâmetros de emissão de carbono.
Baixa demanda
No caso dos preços de lácteos no Brasil, há um certo desaquecimento da demanda. Embora o preço do litro de leite pago ao produtor esteja mais caro internamente do que no mercado internacional, está entrando menos leite importado no país.
A baixa demanda, aliada ao fim da entressafra, está tornando o produto mais barato no atacado: em 15 dias, o litro de leite UHT (caixinha) caiu de R$ 3,63 para R$ 3,44. No varejo, a caixinha de leite, que custava R$ 4,28, chega a ser vendida a R$ 4,19 e o preço deve cair mais nas próximas semanas.
Fonte: Embrapa Gado de Leite
Equipe SNA