As exportações de óleo de soja da Argentina provavelmente irão aumentar, derrubando os preços internacionais do produto, devido a uma nova lei do país que reduz o volume de biodiesel à base de óleo de soja misturado ao diesel comum vendido localmente. A informação é de representantes da indústria.
Parlamentares da Argentina, maior exportadora de óleo de soja do mundo, aprovaram na semana passada uma medida que permite a redução na quantidade de biocombustível à base de soja a ser misturado ao diesel de consumo doméstico. A medida, apoiada pelo presidente Alberto Fernández, deve ser sancionada antes do final do mês.
“A redução do volume de biodiesel utilizado nos combustíveis localmente vai diminuir o consumo de óleo de soja na Argentina. Então teremos mais óleo para ser exportado. Isso pode impactar os preços internacionais, considerando a grande parcela do mercado internacional que a Argentina possui”, disse Gustavo Idígoras, chefe da Câmara de Agroexportadores CIARA-CEC.
A Argentina exportou 5.36 milhões de toneladas de óleo de soja no ano passado, segundo dados do governo. A Índia foi a principal compradora, recebendo 53,40% das vendas. China e Bangladesh vieram na sequência, com 7,80% e 7,60% do total, respectivamente.
Uso mínimo
A nova lei, que visa a garantir o uso sustentável de biocombustíveis no diesel e na gasolina, foi aprovada pelo Senado na última sexta-feira, após também passar pela Câmara dos Deputados. A medida prevê um uso mínimo de biodiesel de 5%, que pode cair para 3% no diesel vendido à população, contra 10% anteriormente.
“Reduzir a mistura na Argentina significa aumentar a exportação de óleo de soja”, disse Luis Zubizarreta, presidente da Câmara da indústria de biocombustíveis Carbio. Ele ressaltou que isso pode pressionar as cotações do óleo de soja argentino.
Com a mistura de 10%, a Argentina consumia cerca de 1 milhão de toneladas de biodiesel por ano para mistura ao diesel. “Com a nova medida, esse volume deve ser reduzido pela metade”, afirmou Zubizarreta.
Fonte: Reuters
Equipe SNA