A Amaggi, maior trading agrícola de capital nacional, vai investir US$ 209.5 milhões, ou cerca de R$ 1 bilhão, para expandir a produção de algodão em Mato Grosso. Uma área de 37.500 hectares destinada atualmente ao plantio de milho em quatro fazendas do grupo no estado será convertida para o cultivo da pluma nos próximos três anos. A expectativa é incrementar quase 70.000 toneladas na colheita da fibra já na próxima safra.
O financiamento será do IFC, braço do Banco Mundial, e dos bancos Rabobank e Santander, com foco na produção de algodão sustentável e 100% rastreável. Os projetos serão implantados em fazendas da Agropecuária Maggi, do grupo Amaggi, nos municípios de Querência, Campo Novo do Parecis e Sapezal.
Além da conversão das lavouras, o dinheiro será usado para a construção de unidades de processamento de algodão, investimentos em ativos logísticos e compra de insumos agrícolas.
“Nos últimos anos, o algodão tem se tornado cada vez mais relevante na Amaggi, que investiu pesado no manejo sustentável, em certificações socioambientais e na rastreabilidade de 100% da produção”, disse ao Valor o presidente executivo do grupo, Judiney Carvalho.
Ele ressaltou que toda a produção de algodão ligada a este financiamento com recursos internacionais é desmatamento zero, sem abertura de novas áreas. Segundo Carvalho, a concessão do recurso demonstra o compromisso da Amaggi em atender às demandas do mercado mundial.
Crescimento de área
A Amaggi já cultiva 102.000 hectares de algodão. Com o projeto, a área vai crescer para 136.000 hectares na próxima safra. A expectativa da companhia é aumentar a produção da pluma de 212.000 toneladas para 280.000 toneladas já na temporada 2021/22.
Mesmo com a alta dos preços do milho, com os ganhos de área ao redor do País e a atratividade que o grão teve nos últimos anos, a cultura do algodão tem sido mais rentável que o cereal para a Amaggi, que se baseou nesses dados da formação de custos para tomar a decisão de converter as lavouras para o plantio da pluma.
Maior rentabilidade
Dos US$ 209.5 milhões, US$ 100 milhões serão destinados diretamente pela IFC, a maior instituição de desenvolvimento global focada no setor privado em mercados emergentes. Outros US$ 39.5 milhões serão destinados pelo Managed Co-Lending Portfolio Program (MCPP), gerenciado pela IFC.
Ambos têm prazo máximo de maturação de nove anos. Os demais US$ 70 milhões serão investidos, em cotas iguais, pelo Rabobank e Banco Santander S.A, com prazo de maturação de sete anos.
A IFC investe em empresas por meio de empréstimos, investimentos de capital, títulos de dívida e garantias. O gerente nacional da instituição para o Brasil, Carlos Leiria Pinto, disse que espera incentivar outros produtores a adotar as melhores práticas de produção e fortalecer a agenda de sustentabilidade do algodão.
“Uma das estratégias da IFC no Brasil é reconciliar o crescimento econômico do país e os desafios de sustentabilidade”, afirmou Leiria.
Certificação
O projeto ajudará a aumentar a produção de algodão certificado pela Better Cotton Initiative (BCI), uma iniciativa global e o maior programa de sustentabilidade do algodão do mundo, que apura diversos critérios socioambientais para certificação, como condições justas de trabalho para os envolvidos no processo de produção, uso eficiente da água no ciclo da cultura do algodão, minimização de possíveis impactos prejudiciais à cultura, entre outros.
Apenas 22% do algodão comercializado no mundo é certificado pela BCI. Segundo a IFC, existe um “potencial significativo” para aumentar a certificação e o Brasil tem “vantagens comparativas para a produção de algodão e controle sobre a cadeia de abastecimento”, o que coloca o país em posição privilegiada para atender à essa demanda.
A Amaggi mantém ainda o programa Cotton Traceability and Sustainability (ACTS), que assegura que toda a produção de algodão da companhia possui rastreabilidade desde a origem até o destino final. A pluma produzida pelo grupo também recebe o selo Algodão Brasileiro Responsável (ABR).
Fonte: Valor
Equipe SNA