Estado de emergência no Mato Grosso deve acelerar combate à Helicoverpa

Somente após declaração emergencial, é possível importar defensivos agrícolas para manejo integrado de pragas e controle da lagarta, informa o presidente da Famato, Rui Prado
Só depois da declaração emergencial, é possível importar defensivos agrícolas para manejo integrado e controle da praga, informa o presidente da Famato, Rui Prado

 

A exemplo da decisão do governo sobre o oeste baiano, no dia 4 de novembro, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) declarou estado de emergência fitossanitária no estado do Mato Grosso por causa da infestação da lagarta Helicoverpa armigera. A região é responsável pela produção de 29% da soja, 28% do milho e 50% do algodão produzidos no Brasil.

Trata-se de uma espécie nova, exótica, uma praga quarentenária do tipo A1. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a praga foi detectada no Cerrado em 2012 e já provocou até o momento, em todo o país, um prejuízo aproximado de R$ 2 bilhões.

Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado, a decisão do Mapa em declarar estado de emergência no seu estado foi necessária. “Somente após essa medida conseguiremos importar produtos à base de Benzoato de Emamectina, que são tão importantes quanto o manejo integrado de pragas para o controle da lagarta”, esclarece.

Além da importação de agroquímicos, o estado de emergência permite a aceleração no processo de aprovação, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de produtos destinados ao combate e controle da lagarta. Até o momento, somente a Dow AgroSciences obteve o registro de dois inseticidas para lavouras de soja e algodão. A aprovação emergencial foi anunciada pela empresa na segunda-feira, 18 de novembro.

 

MONITORAMENTO

Rui Prado enfatiza que agora é preciso continuar com o monitoramento constante das lavouras e identificar corretamente a praga. “A Famato participa do Grupo Helicoverpa Mato Grosso, formado por várias entidades do setor produtivo e instituições de pesquisa, cujo objetivo é buscar alternativas para amenizar o problema e construir um plano estadual de controle e combate à praga”, informa. “Além disso, criamos um hotsite e, por meio dele, enviamos informações diárias aos sindicatos rurais de Mato Grosso”, completa o presidente da Federação.

Coordenador da Comissão de Defesa Sanitária do Mapa no Mato Grosso, Wanderlei Dias Guerra concorda com a posição da Famato. De acordo com sua avaliação, não é somente a importação do Benzoato que vai ajudar: o produtor precisa adotar medidas mais amplas, como o Manejo Integrado de Pragas (MIP). “O Benzoato será uma nova ferramenta, mas o produtor também precisa realizar outras ações. Por exemplo, no manejo você usa as técnicas de controle e não apenas um produto químico”, explica. “É preciso rotacionar os grupos químicos, fazer o vazio sanitário, destruir plantas guaxas, produtos, fazer o monitoramento nas áreas”, orienta Guerra.

 

EMBRAPA

Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, Ladislau Martin Neto afirma que a questão dos manejos integrados entra exatamente nestes casos. Mas, por se tratar de uma armigera, a pesquisa está trabalhando com uma visão de longo prazo.

Para Neto, a aplicação de medidas emergenciais é válida, quando surge uma situação não esperada de uma praga quarentenária, principalmente em um país tão dependente do Produto Interno Bruto (PIB) agrícola, pois o impacto econômico e social é imenso. No momento, relata o diretor, cem pesquisadores da Embrapa estão trabalhando em todo o país, em diferentes áreas, com temas relacionados a essa praga.

Outra iniciativa do órgão federal é a Caravana Embrapa, que envolve 27 especialistas, realizada em parceria com associações, cooperativas e produtores. Tem como objetivo levar informações técnicas às dez principais regiões produtoras do Brasil, abordando não somente a questão da Helicoverpa, mas de outras pragas também.

De acordo com Neto, o manejo integrado é extremamente incentivado, no entanto, em alguns momentos, as opções têm sido mais na direção de um controle químico. Em sua opinião, “precisaríamos estar contextualizando melhor isso, até para obtermos maior eficiência e reduzirmos o impacto ambiental”.

 

Por equipe SNA/SP

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