Soja: Brasil recupera atraso na exportação com os embarques de abril e pode exportar 15 milhões de toneladas em maio

A aceleração dos embarques de soja após os atrasos iniciais da colheita levou o Brasil a registrar um recorde das exportações em abril e permitiu ao País superar, no acumulado dos quatro primeiros meses do ano, o total enviado ao exterior no mesmo período do ano passado. Até então, no acumulado de 2021, as exportações estavam abaixo de 2020.

A Secretaria de Comércio Exterior (Secex) informou nesta segunda-feira que 17.4 milhões de toneladas foram exportadas, o que representa um aumento de 17% em relação as 14.9 milhões de toneladas embarcadas em abril de 2020.

Para o mês de maio, analistas estimam embarques ainda aquecidos do País, de até 15 milhões de toneladas. Se o volume se confirmar, pode representar um recorde para o mês, superando as 14.1 milhões de toneladas de maio do ano passado, segundo dados da Secex.

As exportações de abril refletiram o escoamento de volumes que ainda estavam represados com os atrasos nos embarques no começo do ano. “Com bastante soja disponível para embarques, isso fez com que o Brasil atingisse um recorde”, disse o analista Ismael Menezes, da MD Commodities.

A colheita do País atrasou em virtude de a soja ter sido plantada mais tarde, após chuvas irregulares no começo da temporada e do excesso de chuvas no período de retirada dos grãos no campo.

Retomada

Segundo Menezes, em virtude desse atraso na colheita, a quantidade de soja que efetivamente chegou aos portos brasileiros, principalmente em janeiro e fevereiro, foi menor do que a programação de embarques que havia sido preparada pelas tradings. Porém, a partir de março, a situação começou a se normalizar.

“Março foi forte. Em abril saiu novamente um volume bastante robusto e acreditamos que em maio os embarques também terão boa performance”, estimou o analista. Para este mês, Menezes prevê que as exportações do País podem ficar próximas de 14.5 milhões a 15 milhões de toneladas.

Ele disse ainda que, com o resultado de abril, o País registrou recorde de embarques também para os quatro primeiros meses do ano. “Estamos recuperando o atraso que tivemos no início”.

Cenário

No primeiro quadrimestre, o País exportou 33.6 milhões de toneladas, somando os dados divulgados pela Secex com os números consolidados do Sistema de Estatísticas de Comércio Exterior do Agronegócio Brasileiro (Agrostat) até março. O total é 5% maior do que o do mesmo período de 2020 (31.9 milhões de toneladas, também segundo o Agrostat).

Para Menezes, há soja comercializada para exportação em volume suficiente para cumprir embarques previstos pelo menos até junho. “O Brasil está mais competitivo do que os EUA e tem volume para ser exportado. Então continuaremos bastante fortes principalmente até setembro, antes da entrada da safra norte-americana”, disse o analista.

Ele afirmou ainda que “a Argentina vem sendo mais competitiva do que o Brasil, mas não tem soja suficiente para suprir o grande volume da demanda mundial”.

“Aproveitando os preços elevados recentes, o produtor brasileiro continua vendendo soja, ainda que dosando a quantidade. Tem bastante volume vendido, mas o Brasil continua comercializando, de pouco em pouco, até mesmo para aproveitar, não vender tudo de uma vez”, concluiu Menezes.

Demanda aquecida

Segundo a analista Ana Luiza Lodi, da StoneX, os embarques de abril refletem o fato de que já havia muitos navios no line-up aguardando para embarcar, mas também a demanda aquecida por soja brasileira.

“Março já foi um mês muito forte mesmo com os atrasos na colheita. A demanda pela soja brasileira está forte e já tínhamos vários navios agendados, esperando para carregar”. A analista pondera, contudo, que os números divulgados no começo do mês são preliminares e ainda podem sofrer ajustes.

O dado consolidado de exportação deve ser publicado em até cinco dias úteis. Em abril do ano passado, o acumulado divulgado no começo de maio apontava embarques de 16.3 milhões de toneladas em abril, mas, na apresentação do número final, a exportação do País acabou revisada para 14.9 milhões de toneladas.

Segundo a analista, a maior parte do volume embarcado no mês passado provavelmente corresponde à soja que já havia sido negociada antecipadamente, uma vez que a comercialização no País tem avançado de forma mais lenta.

“As vendas estão um pouco mais fracas nos últimos meses, mas, considerando a perspectiva de demanda aquecida, acima da produção mundial, devemos continuar, sim, tendo procura pela soja brasileira”, disse. Até 15 de abril, 69% da safra 2020/21 do Brasil estava vendida, aumento de 3% em relação ao mês anterior, segundo a consultoria.

Estimativa

Para os embarques de maio, Ana Luiza ressalta que já no fim de abril estavam previstas 10 milhões de toneladas e que este volume ainda pode aumentar.

“Este é o período em que sazonalmente nossa soja é competitiva. Os EUA estão em uma situação de estoques baixos, e a Argentina, que já exporta pouca soja em grão, teve quebra de safra. A perspectiva é que consigamos exportar bastante no mês de maio”.

Nesta semana, a consultoria elevou a estimativa de exportação do Brasil na temporada 2020/21 de 82 milhões para 85 milhões de toneladas.

Recorde

Em coletiva realizada ontem, o diretor da subsecretaria de Inteligência e Estatística de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Herlon Brandão, destacou que os embarques de soja impulsionaram o recorde de exportações registrado pelo Brasil em abril. O produto respondeu por 27,10% de todas as exportações do mês passado.

Brandão assinalou ainda o aumento no preço do produto exportado. O valor médio pago por tonelada de soja, de US$ 414,10, aumentou 22% em relação aos US$ 338,70/tonelada de abril do ano passado.

“Há demanda mundial aquecida por produtos brasileiros no contexto de recuperação econômica em países como China, da União Europeia e Estados Unidos”, disse o diretor.

 

Fonte: Broadcast Agro

Equipe SNA

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