“A demanda por alimentos vem andando à frente da oferta, essencialmente por conta de cinco elementos: dinâmica demográfica (população urbana); transformação da renda; biocombustíveis feitos a partir de grãos; desvalorização do dólar e estoques públicos internacionais (privados). Ou seja, a demanda é forte, os estoques estão baixos, há um choque de oferta e, por consequência, elevação de preços dos produtos alimentícios.” A avaliação é do presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Carlos Carvalho, feita durante o painel “Perspectivas do Agronegócio, produção agropecuária e agregação de valor”, durante o 14º Congresso de Agribusiness, promovido pela SNA, no Rio de Janeiro, nos dias 7 e 8 de novembro.
Durante palestra, Carvalho citou que as exportações do agro brasileiro giram em torno de US$ 100 bilhões com ganhos sucessivos de produtividade, levando em conta que são produzidas duas safras de grãos por ano, algo que, reforça ele, não acontece em outros países. “O Brasil tem o maior saldo comercial agrícola do mundo, graças às suas bases, que vão além da capacidade competitiva. O cenário do país vem sendo impulsionado por um forte movimento de aumento da demanda global por alimentos e energia renovável”, salientou o presidente da Abag.
A fim de contextualizar o cenário do agro brasileiro, Carvalho lembrou uma frase do ex-ministro Delfim Neto, publicada em 9 de setembro deste ano pelo jornal Valor Econômico, que considera emblemática: “A agroindústria, que talvez seja ¼ do PIB brasileiro, é um setor altamente eficiente. É um setor sofisticadíssimo, mas muito prejudicado por falta de estrutura, de transportes, de portos, por falta de armazenagem e por falta de uma política importante, que é política de seguro de safra”.
O presidente da Abag, ao final de sua palestra, também apresentou as perspectivas do agronegócio para os próximos dez anos: “A área crescerá em ritmo menor; os Estados Unidos devem recuperar sua economia; os preços agrícolas serão voláteis e melhores que os praticados no século 20; a tecnologia continuará avançando, especialmente por causa dos investimentos em pesquisas de biotecnologia; e melhor acesso à logística”.
Por equipe SNA/RJ