Em 2020, o mercado primário de Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) registrou um valor recorde de R$ 15.81 bilhões em emissões, com 65 operações e 113 títulos, segundo dados do Anuário 2021 da Uqbar Consultoria e Educação Financeira.
A publicação foi lançada nesta quinta-feira, durante webinar promovido pela empresa. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) foi uma das apoiadoras do evento virtual.
Os CRAs são títulos de crédito, criados em 2004 pela Lei dos Títulos do Agronegócio, e que permitem aos produtores e empresas do agro captar recursos diretamente de investidores, no mercado de capitais.
A CNA tem trabalhado em uma agenda estratégica que visa à diversificação de fontes de financiamento para o setor, o desenvolvimento do mercado de capitais e das operações pulverizadas de CRA para financiar pequenos e médios produtores.
Segundo o documento, apresentado pelo CEO da Uqbar, Carlos Augusto Lopes, os CRAs lastreados em carteiras de risco de crédito pulverizado foram minoria no ano passado, com um total de 14,30% das operações. Apesar do grande volume de emissões, ainda predominam os títulos com lastros em um único crédito corporativo.
Mercado
Ao longo do ano passado, o mercado de CRAs registrou emissões de títulos associados a nove segmentos do agro. A pecuária, que apresentava volume anual reduzido desde 2016, quadruplicou o volume em 2020, alcançando R$ 6.22 bilhões, sendo responsável por 39,30% do montante total emitido.
O segmento de insumos agrícolas é o mais representativo em termos de número de operações e de títulos. As emissões cresceram mais de 20%, totalizando R$ 2.55 bilhões em 22 operações e 54 títulos, ficando novamente com a segunda maior fatia de mercado.
Já o setor sucroenergético registrou queda na sua participação, correspondendo a 13,60% do montante anual, com R$ 2.16 bilhões, 11 operações e 16 títulos.
A maioria dos CRAs emitidos de ambos os segmentos está indexada ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e possuem prazo médio de vencimento superior a cinco anos.
Resultados e perspectivas
Além do lançamento do anuário, o webinar contou com um debate sobre os resultados da publicação e as perspectivas futuras para esse mercado.
O sócio executivo da Ecoagro, Cristian Fumagalli, disse que a redução da Selic poderia gerar impacto na demanda por crédito tomado por meio de CRA. Entretanto, a Ecoagro fez 29 operações, que somaram cerca de R$ 5 bilhões disponibilizados ao agro. “Entre essas operações, houve uma de CRA Verde”, informou o executivo.
Cristian também destacou que, apesar da pandemia, o agro se mostrou um setor econômico resiliente, com produção e preços em patamares altos. “É um setor muito importante para o Brasil, então é fundamental continuar buscando crédito para os pequenos e médios produtores”.
Para o sócio da Santos Neto Advogados, Gabriel Leutewiler, os dados do anuário mostram a necessidade do Brasil por crédito e o aumento da participação de menores players nesse mercado.
“O CRA se consolidou em 2020 como uma fonte alternativa de captação de recursos para o agronegócio. O setor é um bom pagador de juros, possui estrutura resiliente e capacidade de geração de divisas para o País”, disse.
Transformação digital
Já o cofundador da iDtrust, Junior Santos, disse que o cenário da pandemia do Coronavírus trouxe, de forma natural, uma transformação digital que impactou todos os setores.
“O próprio agro se adequou e se preparou para essa mudança. Vimos muitos produtores abraçando as tecnologias, por meio do acesso a títulos e ao crédito, dando agilidade ao processo operacional”. Para Santos, a tendência dessa transformação digital consolidou o cenário positivo de emissões do CRA em 2020.
Fonte: CNA
Equipe SNA