Técnica de edição genômica, ganhadora do Prêmio Nobel, é a nova tendência do agro

DNA: informação genética pode ser editada com nova tecnologia. Foto: Pixabay

A metodologia Crispr/Cas9 deverá ganhar destaque no agronegócio brasileiro em 2021. A informação é do chefe-geral da Embrapa Territorial e titular da Academia Nacional de Agricultura da SNA, Evaristo de Miranda.

Ganhadora do Prêmio Nobel de Química de 2020, a nova tecnologia, desenvolvida por especialistas da França e dos Estados Unidos, permite a edição genômica, sem a necessidade de transferência do gene de uma planta para outra, conforme ocorre no processo de transgenia.

A edição, neste caso, explica Miranda, é possível com o ‘silenciamento’ de um gene ou com a ampliação de sua atividade. “É como se fosse uma edição de texto”, diz o pesquisador. “É uma tecnologia muito mais simples, barata e segura”.

Alguns dos resultados esperados para esse ano em relação ao método Crispr estão no setor de cultivo de tomate, afirma Miranda. Segundo ele, o Japão acaba de aprovar um tomate denominado Gaba, rico em ácido gama aminobutírico, e que ajuda a combater a hipertensão.

“Também estão sendo desenvolvidos tomates com até 500% a mais de licopeno em cada unidade e que são mais resistentes”, destaca o pesquisador.

Já os Estados Unidos conseguiram obter, por meio da edição genômica, uma espécie de suíno doméstico que é livre de um tipo de proteína que costuma causar alergia em humanos. “Conseguiram silenciar o gene dessa substância e inclusive o produto já está aprovado pelo FDA (Food and Drug Administration)”, informou Miranda.

“Isso também vai ajudar muito a área de transplantes, que costuma utilizar materiais provenientes de suínos, diminuindo, com isso, o nível de rejeições”.

Aplicações

O pesquisador ressalta ainda que tecnologia Crispr também está sendo utilizada para produzir milhos resistentes à seca e com 100% de amilopectina (um tipo de amido), que melhora a textura dos alimentos; em cafés elaborados naturalmente sem cafeína; em mamonas produzidas sem a proteína ricina; em tilápias, com a finalidade de melhorar a qualidade dos filés, entre outras aplicações. Muitos desses processos já estão em prática no Brasil.

“Atualmente, há universidades, empresas privadas e equipes da Embrapa trabalhando com essa técnica, que não requer muita sofisticação. Há também uma cooperação internacional nesse setor, como no caso de hortaliças e frutas, para a obtenção de plantas com mais qualidade, mais resistência e mais ricas em substâncias”, conclui Miranda.

 

 

Fonte: Notícias Agrícolas

Equipe SNA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp