O Brasil e outros grandes exportadores agrícolas querem obter um corte inicial nos subsídios que mais distorcem o comércio agrícola, na próxima conferência ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), apesar da cautela demonstrada pela nova diretora-geral do órgão, Ngozi Okonjo-Iweala.
Em sua primeira entrevista à imprensa internacional, depois de confirmada no cargo, na segunda-feira, Okonjo-Iweala respondeu ao Valor que a conferência ministerial, provavelmente no fim do ano, “não será o bom momento” para os países buscarem acordo para reduzir os subsídios internos na agricultura.
Para ela, trata-se de uma das questões delicadas e difíceis na OMC. E sugere que, no encontro, os países devem se concentrar em “pontos promissores”, como isentar os produtos comprados e distribuídos pelo Programa Alimentar Mundial (PAM) de restrições às exportações.
Segundo a diretora da Organização, poderia ser acertado também um plano de trabalho como tentativa para avançar posteriormente nas negociações agrícolas.
No entanto, do lado dos exportadores que formam o Grupo de Cairns, a avaliação é de que será necessário um compromisso inicial de corte nos subsídios agrícolas que mais distorcem o comércio mundial.
Isso representaria “uma entrada”, como diz um negociador, ou disciplina imediata para limitá-los, com um posterior programa de trabalho incluindo a clara indicação de fechamento do pacote na conferência ministerial seguinte.
Brasil, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e outros exportadores têm uma proposta de redução de 50% nos subsídios que distorcem o comércio agrícola global. Isso seria feito de forma proporcional, para que a China, a Índia, os Estados Unidos, a União Europeia e o Japão tenham de cortar mais que outros países.
Fonte: Valor
Equipe SNA