Especialistas traçam perspectivas para o agronegócio em 2021

O agronegócio conseguiu contornar a crise provocada pelo novo Coronavírus e não parou de produzir, apesar das perdas verificadas em alguns segmentos como restaurantes, prestadores de serviços, eventos e cadeias de produtos mais perecíveis. Foto: Pixabay

“O ano de 2021 será promissor para a agricultura brasileira. Teremos preço, volume de produção e investimentos para a construção da imagem do setor”. A estimativa é do diretor técnico da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) e especialista em planejamento estratégico do agro, Marcos Fava Neves.

Segundo ele, apesar das expectativas, o agronegócio precisa estar atento a alguns fatores e tendências que poderão compor um novo cenário para o próximo ano, considerando ainda questões básicas como o clima e seu impacto nas lavouras.

Durante debate virtual com o ex-ministro Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV Agro), Fava estimou um forte retorno dos biocombustíveis, com demanda acelerada em países como Estados Unidos e China; considerou possíveis mudanças no comportamento do país asiático frente à recuperação de seu plantel de suínos, à demanda de grãos do Brasil (que, segundo ele, deverá crescer) e a um ambiente menos conflituoso com os Estados Unidos, e destacou que o consumo estará muito favorável para o setor.

“O consumo internacional foi algo notável em 2020. O Brasil conseguiu aumentar as exportações em meio à pandemia, mais que no ano passado. Impressionante a rapidez com que o setor se organizou com o apoio do governo”, salientou Rodrigues.

No entanto, com o consumo forte, a oferta de alguns produtos no mercado interno, como no caso do arroz, não acompanhou a mesma velocidade da demanda, causando desequilíbrio nos preços. “Acredito que um choque de oferta virá a partir de janeiro e fevereiro, para normalizar esse quadro de alta”, declarou o diretor da SNA, acrescentando que o excesso de consumo gerou inflação nos meses de novembro e dezembro.

Expectativas

“A economia brasileira deverá crescer entre 3,5% e 4%, e de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) a última projeção de crescimento para a economia mundial é de 4,2%”, complementou Fava, indicando que até mesmo o real estará mais valorizado em 2021.

Com relação a custos, o especialista observou que no setor produtivo haverá altas em razão dos insumos, mas por outro lado estimou uma otimização de despesas frente à digitalização do setor.

Ainda de acordo com o diretor da SNA,  é importante acompanhar o quadro atual da pandemia. “Teremos uma segunda onda? Creio que não. A confiança deverá voltar com a vacinação”, disse.

Por sua vez, o ex-ministro da Agricultura traçou uma cenário de safras menores de café, citros e cana para 2021, e afirmou que o País precisa crescer na produção e exportação de outros produtos como leite, carne suína e pescados. Rodrigues também observou que atualmente “o produtor rural brasileiro está capitalizado e melhor preparado”.

Balanço

Ao fazer um balanço de 2020, o ex-ministro destacou que “foi um ano fora da curva”, impulsionado por um conjunto de fatores.  “Câmbio e demanda favoráveis, safra recorde de grãos, boas safras de café e laranja, carnes a preços espetaculares, crescimento da demanda interna por causa do apoio do governo e boas condições climáticas foram fatores positivos”.

Para o diretor da SNA, 2020 “foi um ano surreal”, mas ao mesmo tempo trouxe grandes transformações. “Deixou para nós o legado do home-0ffice, do aprendizado digital e um saldo de maior produtividade nas cadeias”.

Segundo Fava, o agronegócio conseguiu contornar a crise provocada pelo novo Coronavírus e não parou de produzir, apesar das perdas verificadas em alguns segmentos como restaurantes, prestadores de serviços, eventos e cadeias de produtos mais perecíveis.

“Soja, milho e algodão foram os produtos mais favorecidos, que tiveram altas nas exportações puxadas pela valorização cambial.  Produtores de carnes também se beneficiaram desse cenário, embora tenham sentido o impacto inflacionário da ração, em virtude do preço dos grãos e de outros insumos”, observou o especialista, que também reconheceu o bom desempenho das safras de café e laranja.

Fava lembrou ainda que as cadeias de leite e de flores foram algumas das mais prejudicadas. “Por não terem acesso ao mercado internacional, sofreram com as interrupções no País, o que ocasionou a perda de produtos, principalmente no início da pandemia”.

 

 

Fontes: FGV Agro/Doutor Agro

Equipe SNA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2020 foi um ano  surreal, que trouxe uma grande transformação. Deixou para nós o legado do home-0ffice, o aprendizado do digital e um saldo de maior produtividade nas cadeias.

 

Café e laranja também foram beneficiados

Pessoal do leite e das flores  Além de segmentos como restaurantes, prestadores de serviços, promotores de eventos etc.

“O consumo internacional foi algo notável. O Brasil conseguiu aumentar as exportações em meio à pandemia, mais que no ano passado. Impressionante a rapidez com que o setor se organizou com o apoio do governo”.

Com o consumo forte, alguns produtos não conseguiram fazer com que sua oferta reagisse na mesma velocidade da demanda, causando um desequilíbrio nos preços, mas agora acredito que um choque de oferta virá a partir de janeiro e fevereiro, para normalizar esse quadro de inflação.

Será um ano promissor para a agricultura brasileira. Teremos preços e volume de produção que vão garantir investimentos para a construção da imagem da agricultura.

Para 2021 é necessário prestar atenção no clima onde temos uma certa regularização, comportamento da China, com recuperação do plantel de suínos, demanda de muitos grãos do Brasil e um ambiente menos conflituoso com os EUA. Como a oferta e a demanda mundial estão ajustadas; câmbio – o Real deverá estar mais valorizado; combustível – volta forte dos biocombustíveis, com demanda acelerada por parte da China e Estados Unidos.

 

 

Brasil está destinado a ser o campeão mundial da segurança alimentar RR. Pandemia acionou dois faróis: segurança alimentar e sustentabilidade.

País já é fornecedor mundial  de alimentos, é uma vocação do País, mas para melhorar ainda mais esse potencial, falta o pilar sustentável, com a resolução de entraves como o desmatamento ilegal, que precisa ser resolvido, mas ao mesmo tempo não consigo ver países que competem com a gente, conseguirem atingir os patamares que temos em matéria de energia renovável e uso de biocombustíveis na matriz, emissão per capita de carbono – uma das menores do mundo, de áreas preservadas, etc.

Estratégias para se chegar a esse nível. fornecedor mundial sustentável de alimentos.

Custo – redução de custos, inovação, eficiência do Estado e do judiciário.

Diferenciação – Valor agregado, inserir o selo verde nos produtos, etc. aproximação com o consumidor final etc.

Ação coletiva, cooperativismo, associativismo, alianças estratégicas, integração etc. Está faltando cooperação ao cooperativismo. Deveríamos centralizar mais as ofertas internacionais das cooperativas, construir organizações maiores. Hoje o que eu vejo é uma disputa das cooperativas por mercados internacionais, que acabam por destruir questões de valor. Precisamos criar uma entidade para gerenciar a ação logística e comercial conjunta das cooperativas. O produtor deve também chegar cada vez mais perto dos polos consumidores, criando facilidades ou melhorias na infraestrutura de exportação nos países compradores. Captura de valor.

Áreas que mais crescem nas cooperativas é a digital, que leva a tecnologia de gestão por metro quadrado a pequenos e médios produtores. Produção maior em áreas pequenas. Inclusão desses produtores é pelo associativismo,pela aglutinação.

RR

Dizem que o agro brasileiro comunica muito mal, mas depende do público-alvo a que o setor se refere. Com os compradores, a comunicação é muito boa, mas a imprensa internacional não é bem atendida, é mal-informada. Os jornalistas europeus, por exemplo, são um público-alvo que não está sendo bem atendido por nós. No mercado interno, a criança e o adolescente também não são bem tratados, eles não recebem uma informação adequada do agro. Por isso, é preciso fazer um mapeamento desses públicos para ver onde é preciso melhorar.

 

 

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