Algodão tem recorde de embarques e volume em dezembro pode passar das 260 mil toneladas

As exportações de algodão do Brasil ganharam força em novembro, registrando um novo recorde para um único mês, de 333.290 toneladas, e o volume embarcado em dezembro pode superar 260.000 toneladas, estimou o presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), Henrique Snitcovski. Antes de novembro, o maior volume exportado da pluma em um único mês foi de 309.000 toneladas, em janeiro deste ano.

“É um número espetacular para o Brasil”, disse Snitcovski. “O País mostra ao mercado lá fora que consegue embarcar um volume substancial e que vai deixar de ser um exportador sazonal para se tornar um exportador em 12 meses.”

Segundo o presidente da Anea, do lado comercial, o recorde se deve a três fatores. “O Brasil está embarcando algodão da safra nova que já estava vendido; algodão da safra velha que deixou de ser embarcado de abril a junho por causa da pandemia e foi postergado para o segundo semestre deste ano, e novas vendas da safra nova feitas para os principais mercados consumidores”.

Já do lado operacional houve aumento de capacidade logística em novembro, seguindo uma tendência de recuperação iniciada em outubro. “Tivemos mais contêineres, linhas e navios disponíveis para podermos embarcar algodão e atingir esse número”, afirmou Snitcovski.

“É o que chamamos de extra loader. São linhas adicionais que carregam outras coisas, não só algodão, mas que aumentam a capacidade de embarque do Brasil.”

Capacidade

Segundo o executivo, a cadeia tem feito um trabalho de convencimento de importadores de que o País tem capacidade de continuar abastecendo o mercado externo mesmo no primeiro semestre, período em que os embarques costumavam ser menores devido à entressafra, e incentivado as compras com antecedência.

“De janeiro a junho a gente compete diretamente com a safra do Hemisfério Norte, com as produções da China, da Índia e dos Estados Unidos”, disse o presidente da Anea. “Mas, se a gente tiver capacidade de competir por igual, e a gente tem, é um plus para o Brasil. O mercado internacional questionava se o Brasil conseguiria embarcar um volume desses, de mais de 300.000 toneladas. E está entregue mais uma vez”.

Estimativas

Ainda segundo o presidente da Anea, estavam estimados inicialmente embarques de 350.000 toneladas de algodão em novembro. “Mas no finzinho do mês aconteceram algumas rolagens de navio, e esse volume reprimido vai embarcar em dezembro”, disse. “Para dezembro, temos a expectativa de ser um mês forte para as exportações brasileiras de algodão.”

A Anea estima em torno de 260.000 toneladas exportadas no mês que vem. “Dependendo como for o embarque na primeira quinzena de dezembro, o número pode ser maior, até por causa dessa rolagem no fim de novembro”, afirmou Snitcovski.

“Por outro lado, dezembro tem os feriados de Natal e Ano Novo, e isso às vezes complica os processos e um pouco do volume fica para janeiro por consequência. Ainda estamos conservadores, mas com o viés de que o número pode ser melhor do que a gente espera.”

Balanço

De julho a novembro, indicou o presidente da Anea, o Brasil já exportou 920.000 toneladas, superando as 801.000 toneladas vendidas no mesmo período do ano passado. Os embarques foram crescendo paulatinamente desde julho, quando o Brasil exportou 77.000 toneladas, passando para 109.000 toneladas em agosto, 159.000 toneladas em setembro e 241.000 toneladas em outubro, segundo a associação.

“Começou mesmo a recuperar em outubro. As atividades das fábricas nos principais mercados consumidores voltaram a operar com capacidade mais ampla”, disse Snitcovski. “E a nossa capacidade de embarque no Brasil também estava reduzida para os meses de julho, agosto e setembro por problemas de disponibilidade de contêineres, e essa capacidade foi equalizada e melhorada no fim de outubro, em novembro e para o mês de dezembro vai continuar assim.”

Demanda mundial

Segundo o presidente da Anea, é possível perceber uma retomada “mais rápida” da demanda mundial por algodão do que o setor previa quando “estava no olho do furacão” da pandemia, no primeiro e segundo trimestres. “A previsão de consumo chegou a cair muito. A gente se questionava quanto tempo ia demorar para recuperar a demanda, e agora estamos vendo que ela está sendo recuperada”, destacou o executivo.

“É lógico que daqui para frente existe preocupação com elevação dos casos (do Covid-19), possíveis medidas mais severas que possam afetar o fluxo do comércio e causar o fechamento de atividades industriais em vários países. Mas, se tiver um bom equilíbrio, acreditamos que a demanda daqui para frente vai se recompor e voltar aos níveis em que estava no pré-pandemia.”

A Anea estima que o Brasil deve exportar na atual temporada, que vai de julho deste ano a junho do ano que vem, 2.15 milhões de toneladas, superando as 1.913 milhão de toneladas exportadas no mesmo período ano anterior.

“É um aumento de quase 250.000 toneladas ano a ano, reflexo do volume que ficou atrasado de abril, maio e junho da safra velha e que vai ser embarcado na safra nova, e de novos negócios que o Brasil está fazendo lá fora”, disse Snitcovski. “Isso mostra que o País tem qualidade, credibilidade e está realmente se posicionando com um player importante, o segundo maior exportador do mundo de algodão”.

 

Fonte: Broadcast Agro

Equipe SNA

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