Produção de trigo no Brasil deve atingir 6.3 milhões de toneladas e importação pode crescer

A produção de trigo do Brasil deve alcançar 6.3 milhões de toneladas em 2020, estimou a consultoria Safras & Mercado nesta sexta-feira, reduzindo a projeção em 300.000 toneladas em relação ao levantamento anterior, devido aos efeitos da falta de chuvas e geadas durante o desenvolvimento das lavouras.

Apesar da redução, a estimativa representa um aumento em relação às 5.15 milhões de toneladas colhidas no ano passado, quando a safra foi afetada por problemas climáticos, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

No início da temporada, antes dos danos causados pelo clima, o potencial produtivo esperado para a cultura chegava a 7 milhões de toneladas, segundo especialistas ouvidos pela Reuters.

“Tivemos problemas no início do plantio que foram superados, mas também tivemos momentos sem precipitações e geadas, por isso reduzimos nossa projeção de produção”, disse o analista da Safras & Mercado Jonathan Staudt em transmissão ao vivo pela internet.

Atualmente, ele acredita que o clima vem sendo favorável à colheita do cereal na região Sul do país, principal produtora.

“Pode ser que as chuvas previstas (para este mês) não prejudiquem, mas diminuam o ritmo de colheita do país. No geral o cenário climático é positivo.”

No Paraná, os trabalhos alcançaram 79% das áreas nesta semana, segundo o Departamento de Economia Rural (DERAL).

Levantamento da Emater-RS indica que 18% das áreas de trigo do Rio Grande do Sul já foram colhidas até esta quinta-feira, percentual superior aos 13% registrados nesta época da safra passada e aos 16% da média para o período.

Com a nova estimativa de produção da Safras, a necessidade de importação do cereal aumentou e poderá chegar a 7 milhões de toneladas, contra 6.7 milhões de toneladas na previsão anterior, segundo a consultoria.

“A Argentina passa por problemas com seca, mas ainda terá cerca de 12 milhões de toneladas em excedente exportável. Ela deve fornecer pelo menos 80% do trigo ao Brasil… mais de 5 milhões de toneladas, até 6 milhões”, disse Staudt.

O analista considera o produto que será adquirido no exterior no ano comercial que vai de agosto de 2020 a julho de 2021.

Na quinta-feira, a safra de trigo 2020/21 da Argentina foi estimada em 17 milhões de toneladas pela Bolsa de Comércio de Rosário (BCR), uma redução em relação à previsão anterior de 18 milhões de toneladas, devido à seca que afeta áreas produtoras do cereal há meses e às recentes geadas vistas no país.

A Argentina é um dos principais fornecedores do cereal do mundo e preocupações quanto ao clima desfavorável no país e em outros produtores fizeram com que o trigo cotado em Chicago atingisse o maior patamar de preço em quase 6 anos.

Neste contexto, o analista da Safras lembrou que o Brasil aprovou cotas para importação de 750.000 toneladas de trigo de fora do MERCOSUL sem tarifa, até o fim do ano, o que favorece os custos para os moinhos.

“Mas temos que levar em consideração toda a questão logística”, disse, ao apontar que neste momento as cotações externas também estão elevadas.

Os principais países beneficiados com as cotas foram os Estados Unidos e a Rússia.

Reuters 

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