Cultivar e SafraES: Safra 2020/21 terá cerca de 70 milhões de hectares, estima diretor da SNA

A safra 2019/20 de grãos caminha para seu fechamento com novo recorde na produção de 253.7 milhões de toneladas e um aumento de 4,80% em relação à safra anterior, segundo o 11º levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

As culturas de primeira safra já foram totalmente colhidas, as de segunda estão em fase de conclusão, restando ainda as de inverno e da terceira safra. Para soja e milho, segundo a Conab, houve produção recorde: a oleaginosa com 120.9 milhões de toneladas (+5,10%), e o milho com 102.1 milhões de toneladas (+2,1%).

Para o algodão, são estimadas 2.93 milhões de toneladas de pluma (+5,40%) com previsão de finalização da colheita em setembro.

“A grande aposta agora é quanto será plantado nesta safra que começa”, indica Marcos Fava Neves, diretor da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).

“Com a euforia que os preços atuais tem trazido, principalmente a soja e o milho, neste momento de preparo de solos e tomadas de decisões de plantio, com vendas antecipadas de parte das safras futuras e ainda avanço dos grãos na área de cana e pastagens, é possível que cheguemos bem perto dos 70 milhões de hectares plantados, um aumento impressionante”.

Produção brasileira

Em suas estimativas, a Conab prevê que a produção brasileira de grãos na safra 2020/21 aumentará de 254 milhões para 278 milhões de toneladas (8% a mais) e a área deve crescer entre 2 milhões e 2,5 milhões de hectares.

No caso da soja, segundo a Companhia, a área aumentará de 36.84 milhões para 37.85 milhões de hectares, a produção deve aumentar de 124 milhões para 133.50 milhões de toneladas com produtividade 4,40% maior (3,530 toneladas/hectare) e as exportações passarão de 82 milhões para 86.8 milhões de toneladas.

Com relação ao milho, a Conab estima um aumento de área de 7,20% para 19.8 milhões de hectares, com a produção aumentando 12,30%, para 113 milhões de toneladas (apesar da produtividade 1% menor) e a exportação atingindo 39 milhões de toneladas (7% maior). Já a demanda interna ficará em 72 milhões de hectares. “São números que impactam. Vamos torcer para que se realizem”, destaca Fava.

Exportações

Ao mencionar dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) o diretor da SNA destaca ainda que “as exportações do agro chegaram à incrível marca de US$ 10 bilhões em julho, com crescimento de 11,70% em relação ao mesmo mês de 2019, representando 51,20% de toda exportação do País”. Nesse balanço, complementa Fava, “a soja em grão continua a ser a locomotiva da nação, exportando 10.4 milhões de toneladas (+39,40%) e US$ 3.61 bilhões (+39%). Somente a China comprou 76% desse volume”.

Ainda segundo o Mapa, as carnes ocuparam a segunda posição em vendas, com US$ 1.5 bilhão, e o destaque foi a carne bovina, com US$ 776 milhões (+23%). Já a carne de frango caiu 27,20%, chegando a US$ 490 milhões.

Quanto às importações, totalizaram US$ 982 milhões (com queda de 16,30%), consolidando o saldo da Balança Comercial do mês em US$ 9.03 bilhões (+15,90%). No acumulado desde o início do ano, o setor já exportou US$ 61.19 bilhões, 9,20% a mais que em 2019, evidenciado valor recorde na série histórica que começou 1997. Com as importações acumuladas em US$ 7.22 bilhões, o saldo da balança do agro é de US$ 53.97 bilhões.

Setor sucroenergético

No setor de cana, a Conab, em seu segundo boletim da safra 2020/21, estima uma produção de 642.1 milhões de toneladas, 0,10% a menos que no ciclo passado. A União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) informa que produção de açúcar está 48,20% superior, aumentando de 15.5 milhões de toneladas para 23 milhões.

Segundo a Conab, o Brasil deve se posicionar como o maior produtor de açúcar no ciclo 2020/21, com volume de 39.3 milhões de toneladas, 32% a mais que na safra anterior. O volume obtido até o momento na safra é 22.95 milhões de toneladas, 48% superior ao que foi produzido na safra passada.

Por outro lado, a produção de etanol, segundo a Unica, registra queda de 6,40%, de 18 bilhões de litros para 16.8 bilhões. No acumulado até 16 de agosto, a produção totalizou 16.81 bilhões de litros, sendo 4.96 bilhões de anidro (29,50%) e 11.85 bilhões de hidratado (60,50%). Desse total, 4,80% foi proveniente do milho.

Já as vendas acumuladas de etanol caíram 18,98% em relação ao ciclo passado, somando um volume de 10,26 bilhões de litros. Desse total, 91,20% foi destinado ao mercado doméstico, e 8,80% para o exterior.

“É provável que a gasolina continue aumentando de preço nos próximos meses, dando espaço ao hidratado”, afirma Fava.

Ainda segundo a Unica, as vendas externas do produto em agosto aumentaram em 29,10%, atingindo a cifra de US$ 135 milhões. Quanto ao complexo sucroenergético, foi registrado um aumento significativo nas exportações de julho, com vendas de US$ 1.1 bilhão e 73,80% superiores a 2019.

As estimativas da Conab para safra 2020/21 mostram uma produção de etanol de 30.6 bilhões de litros, 14,30% a menos que em 2019/20.

Destaques do mês

Para setembro, o diretor da SNA ressalta que o mercado deve estar atento às expectativas de plantio e às previsões do clima para a safra 2020/21 de grãos no Brasil; ao comportamento do clima na safra dos EUA “que vem até o momento sem problemas”; às relações China-EUA e importações chinesas, e às necessidades e volumes de importações de grãos pelo Brasil “para cobrir a lacuna de estoques baixos e necessidades do setor de carnes e ovos”.

No setor sucroenergético, Fava considera, entre outros aspectos, a atual política de isolamento e os impactos no consumo de combustíveis no Brasil, principalmente em relação à velocidade de recuperação do consumo de hidratado; os efeitos do Coronavírus no consumo mundial do açúcar e nos preços do petróleo, e as condições das tarifas e cotas para que o etanol americano entre no Brasil.

“É preciso saber se teremos contrapartidas de acesso às necessidades de açúcar dos EUA, que seria a minha estratégia”, indica o diretor da SNA.

Além disso, Fava destaca as expectativas em torno dos resultados das ações do governo na questão do desmatamento ilegal e dos impactos nas pressões contra o Brasil, da retomada pós-crise e dos programas de apoio dos governos nas economias mundiais e do Brasil, com a redução dos casos de infecções e outros números da pandemia.

 

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