O agronegócio brasileiro está se tornando cada vez mais sustentável. Indicadores visíveis que comprovam uma busca por preservação e qualidade podem ser observados no uso de recursos renováveis presentes em 45% da matriz energética do País; na produção de biocombustíveis como o biodiesel; na baixa participação do Brasil no ranking de emissões per capita de gases poluentes; nos 66,3% do território nacional com vegetação protegida e preservada segundo a Embrapa, e na adoção de inovações e tecnologias limpas.
No entanto, é no setor de economia verde, onde o sistema de produção segue etapas que atendem a processos justos, economicamente viáveis e ambientalmente adequados, que as empresas e empreendedores do agro terão nos próximos anos a oportunidade de captar e movimentar “recursos bilionários”, estima o diretor da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) e professor da USP/Ribeirão Preto, Marcos Fava Neves.
“É nesse setor que o dinheiro estará disponível para projetos setoriais e empresariais”. Mas para que isso aconteça, Fava salienta que as empresas e cadeias produtivas devem estar capacitadas para melhorar seus relatórios de sustentabilidade e obter mais recursos. Nesse sentido, acrescenta o diretor da SNA, “é preciso se apoiar em um tripé composto por três fatores: pessoas, planeta e lucro”.
Equilíbrio
Segundo ele, estes itens que devem ser medidos e acompanhados para que a empresa possa receber todos os benefícios proporcionados por uma economia verde. “De nada adianta cobrar padrões em matéria recursos humanos ou em nível planetário, se a organização não apresenta resultados econômicos. O equilíbrio desse tripé é fundamental”, ressalta Fava.
Nesse contexto, o que deve ser buscado em relação a pessoas, indica o diretor da SNA, são boas condições de trabalho e saúde; salários adequados; eliminação do trabalho infantil; ética e integridade, estímulo a códigos de conduta na empresa e em seu entorno; prover a melhoria das comunidades; investimentos em programas educacionais e de formação de líderes; parcerias com o setor público para projetos sociais, entre outros fatores.
Nível global
No quesito planeta, Fava destaca a importância de produzir com eficiência e responsabilidade; seguir as regras ambientais, proteger a biodiversidade e as florestas; diminuir o desmatamento, aumentar a recuperação de áreas degradadas, promover o uso de fontes sustentáveis de energia, reduzir os resíduos, reciclar e estimular a economia circular, medir a pegada de uso da água, das emissões de carbono e de energia e criar mecanismos de financiamento e recompensas ambientais.
Função da empresa
Por fim, complementa o especialista, “é função da empresa promover o desenvolvimento econômico, buscar oportunidades, fornecer um produto ou serviço com respeito ao consumidor, obedecendo a transparência, a ética e a integridade; melhorar a infraestrutura e o uso da tecnologia para o ecossistema, promover preços justos, fortalecer os pequenos negócios, incentivar o comércio local, estimular a economia compartilhada, realizar parcerias, entre outras ações”.
Por outro lado, Fava afirma que alguns aspectos podem “contaminar” a sustentabilidade e devem ser evitados. Nesse sentido, ele destaca o engajamento ideológico e seletivo em relação a defesa de causas, os interesses políticos, pessoais e econômicos, o protecionismo e a falta de esclarecimento das pessoas a respeito dos fatos.
Fonte: Dr.Agro
Equipe SNA