O Brasil colheu uma safra recorde de 125 milhões de toneladas de soja neste ano, segundo números revisados nesta quarta-feira pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).
No entanto, as exportações volumosas com a forte demanda da China e um processamento interno recorde em 2020 deverão deixar os estoques finais do país nos menores patamares da história.
As vendas de soja do Brasil em 2020 foram estimadas pela Abiove em 79.5 milhões de toneladas, contra 78 milhões de toneladas na previsão anterior, enquanto a estimativa de safra foi elevada em 500.000 toneladas, o que enxugou os estoques.
O volume embarcado ficaria 5.5 milhões de toneladas acima do ano passado, mas ainda não superaria o recorde das 83.26 milhões de toneladas de 2018, quando o País começou o ano com estoques mais volumosos e teve uma safra quase tão grande quanto a atual, segundo dados da associação.
A consultoria StoneX (ex-INTL FCStone), que nesta quarta-feira também aumentou suas estimativas de produção e exportações de soja para 122.6 milhões e 80 milhões de toneladas, respectivamente, ressaltou que nunca o Brasil exportou tanto nos primeiros meses do ano, com um câmbio favorável aos embarques.
“Os line-ups de navios já indicam volumes significativos de soja a serem exportados em julho, em 7.7 milhões de toneladas, e ainda podem sofrer variações. Além disso, a comercialização da oleaginosa também está adiantada, superando 90% para a safra 2019/20”, disse Ana Luiza Lodi, analista da StoneX, à Reuters.
Só em junho, segundo dados do governo, as exportações atingiram quase 14 milhões de toneladas. Considerando as exportações de soja, farelo e óleo de soja, o setor deverá gerar uma receita de US$ 32.6 bilhões em 2020, praticamente estável em relação à 2019.
A oleaginosa é o principal produto de exportação do Brasil, maior produtor e exportador global.
Estoques mínimos
Lodi também estimou estoques apertados ao final de 2020 diante da forte demanda, inferiores a um milhão de toneladas, assim como a Abiove, mas a consultoria prevê importações maiores da oleaginosa neste ano, em 500.000 toneladas, enquanto a associação registra 150.000 toneladas.
A Abiove, por sua vez, estimou o estoque final de soja do País em 669.000 toneladas em 2020, contra 1.67 milhão de toneladas na previsão anterior e 3.3 milhões de toneladas no fim de 2019. O volume previsto para os estoques, se confirmado, será o menor da história, informou a Abiove por meio de assessoria de imprensa.
Contudo, a associação destacou em nota que o país terá produção suficiente para atender as necessidades domésticas e de importadores. “A safra recorde, em conjunto com os estoques iniciais, garante que haverá oferta suficiente para atender à crescente demanda pelos produtos do complexo soja nos mercados interno e externo”.
Além da exportação do grão, também estão aquecidos os embarques de farelo e óleo de soja, cujas estimativas de exportação também foram revisadas para cima, a 16.5 milhões e um milhão de toneladas, respectivamente.
Para isso, o processamento de soja deverá atingir um recorde de 44.5 milhões de toneladas em 2020, estável em relação a previsão anterior, mas com aumento de 2,40% na comparação com 2019.
O consumo de farelo de soja no Brasil, por outro lado, cairá 3,20% em relação à temporada passada, para 16.7 milhões de toneladas.
Reuters