CeiseBR e Dourados Agora: Brasil precisa de planejamento estratégico para abastecer mercado global, afirma especialista

O Brasil terá a oportunidade de assumir, após a pandemia, sua condição de fornecedor sustentável de alimentos, bioenergia e agroprodutos para o mundo. No entanto, é necessário que o País realize um planejamento estratégico, que contemple aspectos relacionados a custos, diferenciação e ações coletivas.

A observação é do diretor da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) e professor da Universidade de São Paulo (USP/Ribeirão Preto), Marcos Fava Neves. Segundo ele, os resultados desses esforços poderão ser compartilhados posteriormente no contexto de uma “agroexportação ambiental”.

Ao participar recentemente de uma videoconferência organizada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o diretor da SNA e especialista em planejamento no agro comentou a respeito das diretrizes que deverão consolidar o Brasil na liderança do abastecimento de mercados globais.

Neves salientou que, em relação a custos, o País precisa fortalecer os processos de capacitação de pessoal, inovação, tecnologia, pesquisa e desenvolvimento, genética 5.0 (engenharia de plantas) e gestão por metro quadrado da propriedade rural “para permitir maior precisão na aplicação de insumos”. Melhorias nos setores de crédito, financiamento e seguro rural também foram levadas em consideração.

O professor da USP destacou ainda a necessidade de busca por uma “excelência operacional”, visando à eficiência das instituições, das unidades de produção e do setor judiciário – neste caso, em aspectos como celeridade de processos, respeito a contratos, ambiente regulatório, entre outros.

Investimentos

Além disso, Neves salientou a necessidade de investimentos na digitalização do agro para melhorar os custos de produção. Segundo ele, a criação de aplicativos para o setor favorecem o ‘home office’, os negócios e as tomadas de decisão.

Gargalo do agronegócio, a logística está inserida igualmente na pauta de prioridades, de acordo com o professor da USP.

“É preciso investir em infraestrutura de transporte e armazenagem. Evitar longos deslocamentos também favorece a sustentabilidade, assim como a produção local (do entorno) e a economia circular (quando um subproduto de uma atividade é reaproveitado como matéria-prima em outro processo produtivo)”.

Diferenciação

Neves afirmou que “o País tem um notável potencial de diferenciação na oferta mundial de alimentos, pela excelência, qualidade e segurança de seus produtos”. Segundo ele, o produto brasileiro, certificado, “oferece uma margem para quem compra, permitindo a revenda e o acesso ao varejo”.

Outros fatores citados pelo diretor da SNA, entre eles, serviços, pesquisas, identidade de marcas, design, casos de sucesso empresarial, eficiência de processos e liderança na produção e exportação em muitas cadeias do agro, gerando renda e inclusão, também fazem do Brasil um mercado com diferencial.

“O Brasil colabora para a redução da fome no mundo e é capaz de produzir alimentos conservando 2/3 de sua área”, destacou Neves. A cadeia do suco de laranja, citou o especialista, “produz hoje em 400 mil hectares (antes eram 600 mil), consegue preservar cerca de 180 mil hectares e gera R$ 12 bilhões ao ano”.

Destaques

No entanto, o diretor da SNA acredita que alguns setores poderiam ser mais valorizados, como o de bioenergia, por exemplo. “O Brasil é o país com a maior participação de combustíveis renováveis na matriz energética. 45% de suas fontes de energia são renováveis. Isso deveria ser mais explorado”.

A preservação da Amazônia é outro aspecto que, para Neves, merece mais destaque. “A Amazônia é um nome forte para o Brasil, e os brasileiros de origem indígena constituem um potencial para o País, assim como o trabalho indígena inserido no modelo econômico”.

Ações coletivas

Um terceiro fator apontado pelo diretor da SNA, e que, segundo ele, poderá contribuir para que o Brasil se posicione como fornecedor global de alimentos, é a promoção de ações coletivas.

“Esforços conjuntos vão fazer com que o País atinja esse posicionamento por meio das organizações e da valorização das cooperativas, do associativismo e das alianças estratégicas. Na pós-pandemia, essas organizações irão voltar com força muito maior”, concluiu Neves.

 

CeiseBR

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