“O aproveitamento dos recursos da biodiversidade brasileira irá diminuir a dependência do País na importação de insumos, e também poderá promover uma agricultura mais sustentável”, afirmou a diretora da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Sylvia Wachsner.
Ao comentar o recente lançamento, pelo Ministério da Agricultura, do Programa Nacional de Bioinsumos, Sylvia disse que a iniciativa irá favorecer não somente o setor de orgânicos, mas toda a cadeia produtiva do agro.
“É um mercado potencial, que terá crescimento importante para as empresas que produzem bioinsumos, assim como para as futuras biofábricas, pesquisadores e empresários”, destacou a diretora da SNA.
“É essa agricultura convencional, mais sustentável, que permitirá a redução do uso de insumos fósseis”, disse Sylvia, acrescentando que “os agricultores terão opções mais naturais para enfrentar a resistência de pragas e doenças”.
Novas soluções
Segundo a diretora da SNA, o programa favorece a inovação tecnológica e a criação de novas cadeias de valor mais sustentáveis, a partir da biodiversidade biológica brasileira.
“Essas cadeias incluem o desenvolvimento de produtos e processos como controle biológico, extratos vegetais, defensivos com base em microrganismos para o controle de pragas e doenças, fitoterápicos, biofertilizantes, etc.”, explicou Sylvia.
No rastro dessa iniciativa, o Ministério da Agricultura também lançou o aplicativo Bioinsumos, que permite aos produtores consultar um catálogo com 580 produtos disponíveis para o combate de pragas e plantas invasoras, favorecendo, dessa forma, o crescimento de diversas espécies vegetais.
Demanda
A ideia de elaborar um programa voltado para os bioinsumos surgiu da demanda de consumidores e produtores.
Sylvia lembrou que a coordenadora do projeto, Mariane Vidal, havia mencionado que os alimentos mais saudáveis, com menor impacto ambiental, e a busca por uma produção mais sustentável para atender o mercado consumidor, foram alguns dos fatores que contribuíram para a formatação do programa.
Em 2019, Vidal participou do painel “Bioinsumos e Sustentabilidade”, organizado pela SNA na conferência Green Rio, chamando a atenção para o tema.
Alcance
Segundo o Ministério da Agricultura, os bioinsumos para o controle de pragas são utilizados em dez milhões de hectares no País. Além disso, as bactérias responsáveis pelo crescimento das lavouras estão presentes em 40 milhões de hectares. Atualmente, a pasta dispõe de uma relação de 265 produtos registrados, entre bioacaricidas, bioinsecitidas, biofungicidas e bioformicidas.
Sylvia explicou que parte dos produtos são certificados para uso na agricultura orgânica, mas são utilizados sobretudo na agricultura convencional. “No ano passado, a lagarta Helicoverpa armigera, que atacou a soja brasileira, foi combatida por diversos produtores convencionais com o controle biológico, por meio de um inimigo natural que reduziu a praga”, ressaltou a diretora da SNA.
Investimentos
O Ministério da Agricultura informou que, em 2019, o mercado brasileiro de biodefensivos movimentou R$ 675 milhões, ou seja, cerca de 15% a mais que em 2018.
A Pasta anunciou ainda que irá incluir os bioinsumos no próximo Plano Safra e que o fomento será feito por meio de crédito rural nas modalidades de custeio, para a aquisição de bioinsumos, ou investimento, para a montagem de biofábricas.
“Ao permitir que nas fazendas sejam instaladas biofábricas, os produtores terão redução de custos”, concluiu Sylvia.