Após venderem antecipadamente soja, milho e café como nunca, embalados nos patamares recordes do dólar, produtores do Brasil deverão limitar seus negócios, agora que a moeda norte-americana caiu quase 15% das máximas do ano. A avaliação é de especialistas do Itaú BBA.
“Houve um nível recorde de fixação. O produtor fixou o produto e o câmbio, aproveitou bem do momento. Se ele estiver bem travado, vai travar menos”, disse o diretor de Agronegócio do Itaú BBA, Pedro Fernandes, ao comentar o nível de vendas de soja em Mato Grosso, onde observou que os negócios estão bastante avançados.
O dólar atingiu a máxima de fechamento de R$ 5,9012 em 13 de maio, e era negociado na venda a cerca de R$ 5,10, mas ainda assim registrava ganhos de mais de 25% no acumulado do ano. Em junho, até quarta-feira, a queda foi de 4,76%.
Com a baixa do dólar, “há uma diminuída do ritmo de fixação, porque fizeram muito bem a lição de casa”, afirmou Fernandes, lembrando que o produtor aproveitou bem os patamares mais elevados da moeda norte-americana para travar preços.
Segundo dados do Itaú BBA, os produtores brasileiros tinham vendido cerca de 30% da soja da nova safra até o final de maio, três vezes mais em comparação aos anos anteriores.
Pelos últimos dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), divulgados em 11 de maio, as vendas de soja da nova safra (2020/21) em Mato Grosso, maior produtor de grãos do Brasil, haviam atingido 37,25% até o final de abril, um nível recorde. Os negócios de milho também nunca estiveram tão adiantados.
Para o gerente de Consultoria Agro do Itaú BBA, Guilherme Bellotti, a relação de troca piorou um pouco, com o recuo do dólar, mas ainda assim é vantajosa para o produtor.
“É um momento em que todos os elos da cadeia devem olhar para a gestão de riscos com muito bons olhos”, disse ele, em referência à melhor forma de se enfrentar a volatilidade.
Bellotti comentou ainda que os preços dos fertilizantes, como cloreto de potássio e fosfatados, caíram em dólar, enquanto os valores dos defensivos estão “acomodados”, o que sinaliza uma boa safra futura para os agricultores, considerando os preços das commodities em reais.
Reuters