Milho do Brasil pode ter chance na China com mudanças após a Peste Suína Africana

O milho do Brasil, segundo exportador global deste cereal, poderá ter oportunidades de ingressar no mercado da China, que atualmente já é a maior compradora de uma série de produtos agrícolas brasileiros. No momento, o país asiático realiza uma reforma no sistema produtivo após o impacto da Peste Suína Africana (PSA).

A informação é de Marcos Jank, titular da cátedra Luiz de Queiroz de Sistemas Agropecuários Integrados no ciclo 2019/20, que foi entregue nesta quarta-feira ao ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli.

Jank disse que a China passará a investir mais em sistemas modernos de produção de suínos, reduzindo granjas de fundo de quintal, o que irá demandar um maio número de matérias-primas como a soja e o milho para as criações.

Segundo o especialista, a China, que responde por metade da produção global de carne suína, está “eliminando o porco do fundo de quintal”, ou seja, as pequenas criações que colaboraram com a disseminação da PSA, que dizimou o rebanho asiático.

“Quando sai da granja de quintal, a doença passa para granjas modernas, que consomem milho e soja”, ressaltou Jank, durante evento transmitido pela internet, que marcou também o lançamento do livro “Parceria Brasil-China em Agricultura e Segurança Alimentar”.

“A China, maior importador global de soja, que responde por mais de 80% das exportações brasileiras da oleaginosa, é um comprador menos relevante de milho, uma vez que possui uma grande produção local”, disse Jank.

No caso do cereal, embora o Brasil seja um grande exportador atrás apenas dos Estados Unidos, não costuma vender aos chineses.

“Temos oportunidade de sermos fornecedores de milho para China. Acho que será o próximo produto”, afirmou o especialista, destacando que o Brasil, como principal exportador de diversas mercadorias agrícolas aos chineses, como as carnes, também poderia ofertar milho.

“Acho que trigo e arroz é mais complicado, pela segurança alimentar, mas há também oportunidades de o Brasil exportar lácteos e peixes, produtos cujo consumo cresce fortemente na China”.

Relações comerciais

Para o sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa, que também participou da palestra pela internet, o aumento expressivo registrado nas exportações agrícolas do Brasil para a China foi fruto de um “casamento entre o desenvolvimento da agricultura brasileira e a necessidade de segurança alimentar da China”.

Pessôa comentou que alguns desses casos de sucesso na relação Brasil-China aconteceram “ao acaso”, e avaliou que uma melhor organização poderá impulsionar ainda mais as relações comerciais entre os dois países.

“Existe a grande oportunidade de que uma próxima fase possa ser concebida de forma integrada, para potencializar os interesses de ambos”, disse o executivo, que é autor de um dos capítulos do livro sobre a parceria Brasil-China.

Além de Jank, a publicação teve como editores Pei Guo, da China Agricultural University, e Silvia Helena Galvão de Miranda, professora do departamento de Economia, Administração e Sociologia da Esalq/USP.

Redigido em inglês, o livro tem 12 capítulos, 428 páginas e apresenta um panorama completo sobre as relações Brasil-China no agronegócio.

Acesse aqui a obra.

 

Fonte: Reuters

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