Brasil deve importar mais de três milhões de toneladas de milho até a safrinha

O Brasil deverá importar mais de três milhões de toneladas de milho até a entrada da segunda safra 2019/20 do cereal no País, em meados de junho, e atender a demanda interna. A estimativa é da consultoria Agroconsult.

“Os preços do milho estão elevados e estão próximos da paridade de importação em diversas regiões do país, o que sinaliza escassez de oferta”, disse nesta quinta-feira o sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa, em videoconferência.

A demanda interna pelo grão é puxada principalmente pela indústria produtora de carnes, que utiliza o cereal na alimentação animal, e pelas usinas fabricantes de etanol de milho.

“Apesar da queda no consumo de combustíveis, que afetou o etanol (devido ao isolamento contra o Coronavírus), a demanda doméstica por milho ainda deve superar 65 milhões de toneladas neste ano”, estimou Pessôa.

Durante a videoconferência, o diretor da Agroconsult reafirmou as estimativas de produção para a cultura, já divulgadas no mês passado. A segunda safra de milho do Brasil deve alcançar 74.7 milhões de toneladas em 2019/20, com queda de 2,60% em relação ao ano anterior.

Além da utilização interna, parte da “safrinha” é exportada após a colheita. Pessôa afirmou que 75% da segunda safra 2019/20 já foi comercializada em contratos de exportação, assim como 23% da safra do cereal de 2020/21.

“A redução no consumo de etanol nos Estados Unidos e a queda nos preços do petróleo afetaram as cotações internacionais do cereal, mas graças ao patamar de câmbio, o milho ainda mantém preços em reais atrativos para exportação.”

Com relação à soja, principal commodity exportada pelo Brasil, o diretor da Agroconsult destacou que a China teve um período de paralisação na indústria por causa do Coronavírus, mas que a demanda está sendo recomposta e deve crescer para que o país asiático forme estoques.

“A indústria chinesa só não processou mais porque não estava chegando soja lá, mas agora já está chegando”, afirmou. “Temos do lado da demanda e do ritmo de importações da China um sinal muito positivo para este ano.”

Com base em dados do USDA, Pessôa ressaltou que a China importou cerca de 42 milhões de toneladas de soja no período de outubro a março deste ano, ou seja, na safra 2019/20, um volume 20% acima do adquirido na temporada anterior.

A safra de soja do Brasil em 2019/20 deverá atingir 123.5 milhões de toneladas, segundo a Agroconsult. Mesmo diante de perdas causadas pela seca no Rio Grande do Sul, o volume é 3,90% maior que o registrado em 2018/19, de 118.8 milhões de toneladas.

 

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