Dólar cai e derruba a soja brasileira

Pesquisa diária do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) indica que os preços médios da soja no mercado físico brasileiro fecharam a quarta-feira (8/4) nos portos do Brasil, sobre rodas para exportação, em baixa de 0,05%, para R$ 101,16/saca (contra R$ 101,21/saca no dia anterior). Com isso, a perda acumulada nos portos neste mês ficou em 0,05%.

Segundo a T&F Consultoria Agroeconômica, os preços subiram antes de o dólar cair, mas depois cederam e o mercado travou. “Na ronda diária que fazemos pelos principais estados brasileiros para detectarmos as vendas dos produtores do dia, nos deparamos com mais consultas do que negócios”.

“Antes da forte queda de 1,63% do dólar, com Chicago praticamente inalterado, a China conseguiu comprar três cargos de soja brasileira (o equivalente a 180.000 toneladas). No entanto, logo depois os preços se retraíram, os vendedores recuaram e o mercado travou”, indicaram os analistas da T&F.

Os preços da soja disponível, no Rio Grande do Sul, subiram para R$ 102,00/saca para abril e para R$ 103,50 para maio, no porto de Rio Grande, antes da queda do dólar, mas depois caíram e acabaram o dia com os compradores oferecendo R$ 1,50 a menos e com vendedores retraídos.

No interior, os preços também subiram R$ 1,00/saca com o dólar alto, para R$ 98,00 em Ijuí, Cruz Alta e Passo Fundo, para abril, mas depois da queda da moeda americana o mercado travou e nada mais aconteceu. Os preços no mercado de balcão, pagos para os agricultores, continuam entre R$ 87,00 e R$ 89,00/saca.

No Paraná, os preços pagos para os agricultores se mantiveram a R$ 90,00 no mercado de balcão em Ponta Grossa. No mercado de lotes, recuaram R$ 1,00/saca para R$ 95,00 no mercado disponível em Ponta Grossa para abril e R$ 96,00 para maio.

No porto de Paranaguá, a saca fechou o dia cotada a R$ 101,00 para o final de maio e a R$ 102,50 para junho. Com relação à a safra de 2021, o preço ficou em R$ 93,00/saca em Ponta Grossa, para entrega e pagamento em abril.

Milho

“A produção de etanol (de milho) dos EUA está diminuindo com a quarentena obrigatória. As margens de manutenção na produção de etanol do milho estão enfrentando contratempos em todo o globo, sendo que o epicentro do problema está sobre a indústria norte-americana”.

A análise é da ARC Mercosul, segundo a qual esse excedente pode impactar nos preços do cereal no Brasil. “A dramática queda nos preços de gasolina e combustível para aeronaves causou o fechamento temporário de algumas usinas”, informou a consultoria.

Com esse cenário, a volume de sobra do cereal deve pressionar as cotações dos mercados exportadores, entre eles o Brasil e a Argentina.

A T&F indicou que os dados de energia do EIA (Energy Information Administration) devem marcar outro ponto na “dolorosa odisseia do etanol dos EUA”.

“Analistas acreditam em uma produção de cerca de 750.000-800.000 barris por dia, o que equivale a cerca de dois milhões de toneladas de milho durante a semana, uma queda de cerca de 800.000 toneladas por semana no ritmo recente. Tudo isso está sendo devolvido ao excedente de exportação dos EUA ou aos estoques”.

Preços caem no Brasil

Os preços estão em baixa no País, por seis sessões consecutivas, o que já preocupa vendedores. Segundo a T&F, estas são as razões:

a) Preços dos mercados de carne caindo: frango, 11,35%; suíno, 12,68% e boi 0,66% no mês;

b) Dólar caindo não dá sustentação nem às exportações de carnes, nem às de milho;

c) Algumas usinas de etanol de Mato Grosso e de Goiás estão disponibilizando parte dos seus estoques para os produtores de carnes nos respectivos estados, aumentando a oferta de milho;

d) Como os preços estavam chegando perigosamente perto dos seus custos de produção, as indústrias de carne sentiram o alívio e oferecem preços menores;

e) Proximidade (relativa, são três meses) da safrinha, onde os preços costumam cair levemente.

Na opinião dos analistas da T&F, o ponto central é o dólar, que está sendo combatido ferozmente por todos os governos do mundo, inclusive pelo dos EUA, que perdem competitividade com sua moeda muito valorizada.

“Vemos pouca chance de ele voltar a subir de forma significativa. Por isso, nossa recomendação continua a de que se deve aproveitar os bons preços atuais do milho disponível. Para os da safrinha, ainda não temos opinião”, concluíram os especialistas.

 

Agrolink

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