China compra 1.3 milhões de toneladas de soja do Brasil

A demanda forte da China pela soja brasileira continua e na quinta-feira (28/2) a nação asiática comprou cerca de 1.3 milhão de toneladas da safra atual e da safra nova, segundo a Agrinvest Commodities. Foram um milhão de toneladas da safra 2019/20 e 300.000 toneladas da safra 2020/21.

O Brasil segue liderando as vendas no mercado internacional neste momento, contando com uma disponibilidade de produto crescendo na medida em que a colheita avança, apesar do atraso, e com a comercialização já muito adiantada, além da melhor qualidade e, acima de tudo, da vantagem cambial.

Hoje, por volta das 11h30 (Horário de Brasília) a moeda americana estava em alta de 0,71%, cotada a R$ 4,50, sua nova máxima histórica.

“A Argentina suspendeu as exportações de soja; o Paraguai vende em dólares e agora não está ganhando nada, assim como acontece com o produtor norte-americano. Então, o Brasil está praticamente sozinho nas vendas”, disse Ênio Fernandes, consultor da Terra Agronegócios.

Ele acrescentou que, além dos bons volumes vendidos, as margens garantidas pelo sojicultor brasileiro são muito favoráveis neste momento. “Isso porque o produtor plantou a safra com um dólar de R$ 3,40, R$ 3,50, R$ 3,80. Então é muita margem”.

Assim, os preços nos portos brasileiros continuam variando entre R$ 90,00 e R$ 92,00 por saca para a soja da safra atual, segundo o consultor Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. Para a safra nova, que também tem as operações de troca favoráveis, a comercialização continua aquecida, com o mercado chegando a testar R$ 92,50.

Brandalizze já vinha esperando uma melhora no ritmo dos negócios no Brasil diante da questão cambial e da volta do país do feriado prolongado do Carnaval, o que se confirmou. O especialista explicou que só não são mais fortes por “falta de espaço”.

Segundo o consultor, os “lineups estão cheios, quase no limite, e sem abrir novas programações de navios”, dada a intensidade da procura pela soja brasileira e pela boa comercialização feita antecipadamente. Para ele, o Brasil tem fôlego para embarcar cerca de dez milhões de toneladas de soja somente em março, e desse total “60% são só para a China”, disse Brandalizze.

A tendência é de que as exportações brasileiras de soja continuem aquecidas e, na análise da ARC Mercosul, esse movimento deverá se estender pelo menos até maio. A consultoria aponta ainda para a fila de embarques no curto prazo, já registrando 11.2 milhões de toneladas a serem embarcadas nas próximas semanas. Em 2019, nessa mesma época, eram 8.57 milhões de toneladas.

Demanda versus logística

As complicações causadas pela epidemia do Coronavírus na logística chinesa tem sido destaque entre as manchetes em todo o mundo. Muitos portos no país sofrem com problemas de atrasos no descarregamento de contêineres, falta de caminhões e armazéns sobrecarregados diante da mobilidade limitada no país, como uma das medidas para tentar conter a proliferação ainda mais rápida do vírus.

No entanto, embora haja problemas com esses contêineres, que ainda abrigam muitas toneladas de produtos como vegetais, frutas e carne congelada, segundo matéria do The New York Times, empresas de transporte e autoridades portuárias da China afirmam que a situação está sendo contornada. Além disso, analistas de mercado informam que entre os navios graneis o quadro ainda não cria severa preocupação.

“Para os grãos, os processos e os controles são outros”, afirmou Steve Cachia, consultor da Cerealpar e da AgroCulte, direto de Malta, na Europa. “Se isso continuar assim, podemos ter mais transtornos na logística”.

Segundo Cachia, a tendência é de que os chineses continuem comprando normalmente, mas é importante que haja um constante monitoramento da evolução dos problemas que pode levar a outros problemas mais sérios e graves com a logística, retraindo a demanda e paralisando mais fábricas.

“Neste caso, é possível vermos uma pausa no ritmo de compras até terem certeza que o abastecimento voltou a funcionar normalmente, de acordo com a demanda que a gente estava acostumado pré-Covid-19”, disse o consultor.

 

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