Mais de 840 milhões de pessoas são privadas de quantidades suficientes de comida para a própria subsistência, um problema acentuado pelo desperdício em todo o mundo. Cerca de um terço da produção do planeta, o equivalente a 1,3 bilhão de toneladas ou R$ 1,6 trilhão, é jogado fora, segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Com apenas um quarto do volume desperdiçado seria possível alimentar os 842 milhões de famintos. O alerta foi dado pela ONU no Dia Mundial da Alimentação, comemorado na quarta-feira, 16 de outubro.
Focada neste cenário, a Sociedade Nacional da Agricultura (SNA) discutirá a segurança alimentar para os próximos anos durante o 14º Congresso Agribusiness, que acontecerá nos dias 7 e 8 de novembro, no auditório da Confederação Nacional do Comércio (CNC), no Centro do Rio de Janeiro. Um dos palestrantes será Roberto Rodrigues, ex-ministro e atual presidente da Academia Nacional da Agricultura.
Em recente entrevista para o site da SNA, ele opinou sobre o desperdício de alimentos, que tanto colabora para a elevação dos índices mundiais de subnutrição. “Realmente o desperdício contribui muito para essa questão e é um tema muito delicado. O desperdício é quase cultural em países em desenvolvimento, onde há muitas perdas. Para resolvermos isso, várias medidas devem ser tomadas, a começar pela própria produção”, ressaltou. Conforme Rodrigues, algumas máquinas e colheitadeiras mais antigas desperdiçam entre 4% e 5% da produção. “A primeira medida, portanto, seria termos mais investimentos em máquinas e transporte adequado, bem vedado.”
De acordo com o ex-ministro da Agricultura, as péssimas condições dos armazéns brasileiros – ou até mesmo a escassez de estabelecimentos para estocar alimentos – provocam até 10% de perdas, fruto de tecnologias atrasadas, pragas, entre outros fatores. “Só aí já temos três áreas de dispersão. Temos ainda a industrialização e as embalagens que também contribuem para os desperdícios. Precisamos diminuir essas perdas e trabalhar com os produtos excedentes por um preço mais barato, o que já vem acontecendo em diversas regiões e estados do país”, pontuou.
PRONUNCIAMENTO DA FAO
Apesar do cenário dramático, em pronunciamento oficial o diretor geral da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva, informou que o número de pessoas que sofre de fome crônica no mundo caiu de 870 milhões para 840 milhões nos últimos dois anos. “São menos 30 milhões de pessoas famintas, mas não devemos nos esquecer que 12% da população mundial ainda passam fome em pleno século 21, ou seja, um em cada oito seres humanos.”
Permitir acesso ao alimento ao longo de todo o ano e acabar com a desnutrição são metas a serem alcançadas, segundo Graziano, para se chegar à erradicação do problema. Ele citou ainda como objetivos “tornar sustentáveis todos os sistemas alimentares, duplicar a renda e a produtividade de pequenos produtores e zerar as perdas”.
Para informações sobre o 14º Congresso de Agibusiness da SNA, acesse: http://ow.ly/pSQEU.
Por Equipe SNA/RJ com informações da Agência Brasil