O presidente executivo da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra, alertou na quarta-feira, 9 de outubro, sobre as dificuldades que as agroindústrias avícolas estão enfrentando para manter estoques adequados de farelo de soja, um dos mais importantes insumos para produção da avicultura brasileira.
De acordo com relatório divulgado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), impulsionados pelo câmbio elevado, os embarques de soja em grão vêm atingindo volumes recordes neste ano – com 40,6 milhões de toneladas de soja em grão exportados entre janeiro e novembro de 2013, dado 23,4% maior que todo o volume exportado em 2012.
Com isto, o mercado interno está sendo impactado por um dos menores volumes do insumo processado pela indústria brasileira nos últimos anos – no mesmo relatório, o CEPEA mostra indicadores da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE), com o processamento de 18,2 milhões de toneladas de soja em grão entre fevereiro e agosto, o menor nível desde 2006.
Conforme explica o presidente da UBABEF, empresas do setor avícola brasileiro – que dependem do farelo da oleaginosa para a produção de frangos, ovos e outros produtos – estão enfrentando dificuldades na competição com o mercado externo pela compra do produto. Cerca de 30% da ração ofertada aos animais é composta por farelo de soja.
“Não somos contra as exportações de soja. Entretanto, por uma questão de segurança alimentar do país, é fundamental que as políticas governamentais priorizem o abastecimento interno do insumo. Vale muito mais para o país exportar grãos em forma de produto com valor agregado, como a proteína animal”, destaca Turra.
Em 2012, a estiagem no Sul do país e os elevados níveis de exportação nos primeiros meses do ano fizeram com que o preço do farelo de soja subisse mais de 100%. O cenário ficou ainda mais crítico com a quebra na expectativa de safra de milho dos EUA, que afetou as cotações do cereal em todo o mundo – no Brasil, os preços subiram 50%.
Em meio a este cenário alarmante, algumas empresas do setor fecharam plantas, outras pediram recuperação judicial, em um ano que ficou marcado pela maior crise já enfrentada pelo setor avícola brasileiro em sua história.
“Mais de 10 mil empregos foram perdidos. Cidades inteiras foram afetadas e sofremos duramente com a perda de competitividade internacional. O setor ainda se recupera da tempestade do passado, e precisa de total atenção governamental para que o mesmo cenário não se repita”, destaca Turra.
Fonte: Agrolink