Os exportadores brasileiros de frutas frescas estão animados. Com clima favorável à produção e abertura de novos mercados, os embarques estão em alta e, se o ritmo for mantido, poderão finalmente alcançar a marca recorde de US$ 1 bilhão no ano que vem.
Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pela Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), o primeiro semestre deste ano foi alvissareiro. Em volume, as vendas para o exterior cresceram 21% em relação ao mesmo período de 2018, para 429.700 toneladas, enquanto a receita aumentou 15%, para US$ 384.4 milhões.
Embora o país seja o terceiro maior produtor de frutas do mundo, com 2.5 milhões de hectares cultivados, ocupa apenas a 23ª posição no ranking dos exportadores, de acordo com dados da Abrafrutas. Apenas 3% da produção nacional é exportada.
No primeiro semestre deste ano, afirmou Eduardo Brandão, diretor-executivo da entidade, os resultados registrados foram impulsionados sobretudo pelo clima favorável à produção. Diferentemente do que aconteceu em 2018, quando intempéries provocaram perdas em diversos polos, tanto de volume quanto de qualidade.
“Os destaques foram a uva, cujas exportações aumentaram 224% em volume; a banana, que teve alta de 57%, e a manga, com aumento de 56%”, disse Brandão. A uva e a manga direcionadas ao mercado externo são produzidas majoritariamente no Vale do São Francisco, situado entre a Bahia e Pernambuco.
“No ano passado, o excesso de chuvas no semi-árido prejudicou a produção, mas em 2019 o clima ajudou e as vendas aumentaram”, afirmou o diretor. Para os resultados recentes e, sobretudo, para as projeções positivas traçadas, a prospecção de novos mercados pela Abrafrutas e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) é encarada como outro fator importante.
Hoje, 75% das exportações brasileiras têm como destino a Europa e o Reino Unido e 12% vão para os EUA – daí a necessidade de uma maior diversificação. “Abrimos a Coreia do Sul para a manga, estamos perto de abrir o mercado japonês para o melão e voltamos recentemente de uma viagem ao Oriente Médio com boas perspectivas”, disse Brandão.
Segundo ele, os países árabes são um mercado com muito potencial, porque praticamente não há barreiras fitossanitárias. “Como a região é desértica, eles quase não têm problemas com pragas e doenças. O desafio é a distância. Vamos analisar o que pode ir por via marítima e o que precisa ser por via aérea”. O frete aéreo para a região custa, em média, US$ 1,50 por quilo.
Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em 2018 o Brasil foi o 26º maior fornecedor de frutas para os países árabes, com vendas de US$ 28.8 milhões concentradas em maçãs, uvas, melões e limões.
Valor Econômico