Queda do consumo global de suco de laranja perde força

A recuperação da demanda nos Estados Unidos foi fundamental para amenizar a tendência de encolhimento do consumo global de suco de laranja em 2018. Mas mesmo assim foi mais um ano de queda, o quarto consecutivo e o 13º desde 2004, de acordo com um estudo recém-concluído pelo Centro de Pesquisas e Projetos em Marketing e Estratégia (Markestrat), consultoria que tem sede em Ribeirão Preto (SP).

Segundo o levantamento, o consumo nos 40 principais mercados de suco de laranja do mundo somou 1.853 milhão de toneladas equivalentes ao produto concentrado e congelado (FCOJ, na sigla em inglês) no ano passado, 0,81% menos que em 2017 e volume 22,78% menor que o de 2003, início da série histórica.

Em termos absolutos, o recuo desde 2003 chegou a 546.000 toneladas, ou quase todo o mercado americano em 2018. Líderes globais nesse ranking, os EUA consumiram 576.000 toneladas em 2018, um incremento de 1,25% em relação ao ano anterior.

Apesar desse crescimento, em 2017 houve queda de 9,58% nos EUA. O consumo americano foi 42,41% menor do que em 2003. Como em outras fronteiras consolidadas para o suco, o tombo decorre sobretudo do aumento do número de bebidas concorrentes mais baratas, como sucos de outros sabores, água de coco, néctares e refrescos.

Nessas duas últimas categorias, muitas das opções até contêm suco de laranja, mas em concentrações baixas, insuficientes para compensar o encolhimento das vendas do “suco 100%”.

Segundo maior país consumidor de suco de laranja, a Alemanha voltou a registrar queda em 2018, conforme o estudo da Markestrat. Por lá, o volume ficou em 138.000 toneladas, com retração de 2,62% na comparação com 2017 e de 44,75% sobre 2003.

Na França, as 130.000 toneladas registradas representaram redução de 2,63% e 14,34%, respectivamente. Somadas, as quedas nos EUA, na Alemanha e na França nos últimos 16 anos até 2018 chegaram a 559.000 toneladas.

Para as grandes indústrias reunidas na Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), Citrosuco, Cutrale e Louis Dreyfus Company, que lideram os embarques brasileiros de suco de laranja, dominantes no mercado mundial, o alento continua a ser a curva de alta do consumo em países emergentes como a China e o Brasil, conforme apontou o estudo baseado em informações de TetraPak, Euromonitor, Planet Retail e Departamento de Citrus da Flórida (EUA), entre outras fontes.

Sempre cercado de grandes expectativas, o consumo no país asiático cresceu apenas 0,28% em 2018 em relação ao ano anterior, mas passou a acumular aumento de 179,55% desde 2003. Como projetam que o crescimento vai continuar, as indústrias já manifestaram ao governo chinês a intenção de investir em infraestrutura portuária no país para facilitar o escoamento dos volumes vendidos.

No Brasil, segundo Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR, o volume consumido atingiu 82.000 toneladas, com aumento de 8,53% na comparação com o ano anterior e de 91,92% em relação a 2003. “São 13.000 toneladas de um ano para o outro, são 3.6 milhões de caixas de 40.8 milhões de quilos a mais transformadas em suco ou 15 milhões de litros a mais no mercado interno”, disse.

Estimativas do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), mantido com contribuições de produtores de laranja e das indústrias associadas à CitrusBR, mostram que a produção da fruta no cinturão formado por pomares de São Paulo e Minas Gerais deverá alcançar quase a 390 milhões de caixas nesta safra 2019/20, que começou em julho – 36% mais que no ciclo passado.

 

Valor Econômico

 

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