Um ‘norte’ para o campo sustentável

O Pacto Global da ONU, uma iniciativa da organização multilateral voltada ao setor privado e com sede em Nova York, elegeu o agronegócio no Brasil como o primeiro setor a ter uma metodologia específica de aplicação de políticas corporativas para atender aos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) estabelecidos para 2030.

O SDG Compass, uma “bússola” para as empresas atenderem aos ODS, foi elaborado para as empresas do agronegócio a partir dos seis princípios elencados em 2016 para o setor de alimentos de agricultura (PEAA). Dentre os princípios estão a responsabilidade ambiental com a biodiversidade e contra as mudanças climáticas, e o respeito aos direitos humanos.

O novo documento, que será apresentado hoje em São Paulo, propõe um método para a adoção desses princípios e foi concebido com apoio do Global Reporting Initiative (GRI) e do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).

O objetivo, segundo Carlo Pereira, secretário executivo da Rede Brasil do Pacto Global, que congrega cerca de 900 companhias no país, é auxiliar as empresas a “internalizar” os ODSs que têm mais sintonia com seu negócio e com a cadeia em que atuam.

O foco está nos objetivos em que as empresas têm impacto negativo. No caso do agronegócio, Pereira destacou as metas relacionadas ao clima, aos recursos hídricos e ao uso de agrotóxicos. “É preciso ver quais os ODSs a empresa afeta negativamente, porque é nesses que ela tem que melhorar”, disse.

A metodologia prevê cinco passos: o reconhecimento dos ODSs que a empresa tem impacto; a definição de prioridades; o estabelecimento de metas; a integração com outros agentes da cadeia; e a prestação de contas sobre as ações.

As empresas que aderirem ao pacto deverão apresentar relatórios anuais. A organização sediada em Nova York também pode demandar das companhias a prestação de contas a respeito de um determinado assunto. Em caso de violação de algum princípio ou meta, um comitê do Pacto Global pode pedir à empresa a apresentação de prestações de contas de forma mais frequente ou até expulsar a companhia do pacto.

Pereira acredita que a adesão do setor privado a esse tipo de compromisso é importante em negociações comerciais, como no caso do acordo entre Mercosul e União Europeia.

“Quem no Brasil pratica agricultura responsável vai se dar melhor, vai ter mais acesso a mercados”, defendeu o secretário. Ele acredita que, mesmo quem vende no mercado interno, também está sujeito a regras estrangeiras de sustentabilidade. “As grandes redes são europeias e americanas”, lembrou.

 

Valor Econômico

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