A startup americana Indigo Ag está iniciando no Brasil as operações de um sistema online de “barter”, quando há troca de produtos por insumos. A ferramenta está aberta somente para computadores, enquanto a empresa aguarda a liberação dos aplicativos para dispositivos móveis. Por enquanto, a participação em eventos tem sido usada para chegar a potenciais usuários.
“Barter é financiamento; é dar ao produtor acesso ao capital. Os agricultores estão entusiasmados, sempre procurando maneiras de financiar suas operações com o custo mais baixo. E essa é uma maneira”, disse o CEO global da empresa, David Perry, em entrevista a Globo Rural.
Formado em engenharia química, Perry já teve outros empreendimentos na área de tecnologia, voltados para a indústria farmacêutica. A ideia de criar uma agtech aliou a sua origem em uma área rural dos Estados Unidos com a identificação de oportunidades de avanço tecnológico no campo.
Assim, o executivo começou com a Indigo em 2015. Quase quatro anos depois, a empresa já atingiu o status de unicórnio (quando o valor de mercado da companhia atinge US$ 1 bilhão) entre agtechs.
Atualmente, está avaliada em US$ 3.5 bilhões, segundo Perry. Além do “barter”, atua em segmentos como tratamento de sementes e logística para o agronegócio.
Marketplace
Outra solução é uma plataforma online de “marketplace”, em que compradores e vendedores de produtos agrícolas podem fechar negócios via internet. Começou com cinco culturas e, de acordo com Perry, já são centenas de itens diferentes. A ferramenta permite operações tanto no mercado disponível (spot) quanto para entrega futura.
“Um agricultor que tem 10.000 bushels de milho ( 1 bushel de milho = 25,40 kg) e quer vender em novembro por US$ 4,00 o bushel faz a sua oferta e muitos compradores podem ver. O comprador também pode colocar valores. Disse que quer comprar milho em novembro a US$ 3,80 o bushel e agricultores tem acesso a isso”, resumiu o CEO.
Além dos Estados Unidos, a Indigo está na Argentina, Brasil, Índia, Austrália e em fase inicial de uma operação na Europa. O desembarque no mercado brasileiro ocorreu em 2018, com o tratamento microbiológico de sementes. A tecnologia parte da ideia de que determinados organismos ajudam a melhorar o metabolismo e a absorção de nutrientes pelas plantas.
Foi, então, desenvolvido um sistema que considera diferentes tipos de microrganismos, sementes e solos. Com base em sequenciamento genético e a utilização de inteligência artificial, a empresa garante que é possível dizer quais organismos são adequados para cada planta e cada região.
No mercado americano, os sistema está na soja, milho, algodão, arroz e trigo. No Brasil, apenas soja. A expectativa é ter milho e algodão Até a safra 2020/21. “O processo regulatório para ter um ativo microbiológico aprovado leva mais tempo do que em qualquer outro país. São de 18 a 24 meses. O Brasil fica para trás”, disse Perry.
Em que pese essas questões, a relevância do Brasil no agronegócio é fator de otimismo. Além das sementes e do “barter”, já está nos planos trazer os demais serviços da empresa. O portfólio completo, com plataforma de transportes e de compra e venda, deve estar por aqui em até dois anos.
“É apenas uma questão de aumentar a nossa capacidade e de ter pessoas suficientes para fazer o trabalho. Todos os nosso serviços devem estar disponíveis no Brasil entre um e dois anos”, afirmou o CEO.
Ele acredita que, em até dois anos, o Brasil deve representar de 25% a 50% apenas dos negócios fora dos Estados Unidos. A unidade brasileira começou com 20 pessoas. Até o fim do ano devem ser entre 40 e 50. Nas operações globais, a Indigo tem cerca de 850 profissionais.
Globo Rural