A guerra comercial entre China e Estados Unidos, por enquanto, trouxe vantagens para as exportações de soja do Brasil. Só em fevereiro o país asiático importou do Brasil mais de cinco milhões de toneladas, ou seja, mais do que o dobro (134%) do adquirido no mesmo período do ano passado (2.1 milhões de toneladas).
O curioso é que a Administração Geral de Alfândegas e Portos da China divulgou que em fevereiro o país importou 18% menos soja do mundo, totalizando 4.46 milhões de toneladas.
Somados os volumes vendidos em janeiro e fevereiro deste ano, o Brasil embarcou quase sete milhões de toneladas para os chineses, bem acima dos 3.4 milhões de 2018. Isso rendeu ao país mais de US$ 2.5 bilhões só com a soja, 92% mais em relação aos US$ 1.3 bilhão obtidos nos dois primeiros meses do ano passado.
Falta de produto
O analista de mercado Carlos Cogo acredita que este aumento nas vendas no primeiro semestre do ano pode gerar uma falta de produto no segundo semestre.
“Se o Brasil exportar nos próximos meses a mesma quantidade do ano passado, somado ao que obteve no primeiro bimestre do ano, em agosto já terá vendido 68.5 milhões de toneladas. Ou seja, o limite. Já que a demanda interna brasileira é de 40 milhões de toneladas”, afirmou Cogo.
Segundo ele, boa parte dos produtores com que conversou está disposta a esperar e não vender a soja agora. Mas o analista não recomenda isso. “Não é uma boa estratégia. O ideal é dividir o que se colheu em lotes e vender uma parte agora e o restante mais pra frente, com preços melhores”.
Em resumo, Cogo acredita que os exportadores não irão parar nas 70 milhões de toneladas e isso deverá gerar uma disputa no mercado interno brasileiro. “O mercado interno terá de disputar essa soja e pagar mais por ela”, disse.
Canal Rural