Milho: exportação e demanda interna elevam em mais de 10% preço nos portos

Os preços do milho nos portos do Brasil, que se mantém no patamar dos R$ 40,00 por saca, continuam indicando a firmeza deste mercado. E segundo o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalize Consulting, a tendência é de que os preços do cereal continuem sustentados, podendo dar ainda melhores oportunidades de comercialização para o produtor brasileiro.

No mercado futuro nacional, as cotações também seguem reagindo com consistência, refletindo os baixos estoques nacionais e a demanda aquecida tanto nas exportações, quanto internamente.

Desde o último dia 6 de fevereiro, o contrato março subiu 3,79%, passando de R$ 40,90 para R$ 42,45 por saca, enquanto o setembro tem 1,50% de alta, com a última cotação a R$ 35,80. Para o primeiro vencimento, a alta desde o começo de 2019 é de 6,39% e para o segundo, de 3,50%.

A melhora no setor de proteínas animais, com boas exportações nas carnes bovina, suína e de frango, e um repasse das altas conseguido pelo varejo, têm dado espaço para uma melhora também no setor de rações, que agora também demanda mais milho.

“As indústrias estão buscando milho. Em março, depois de passado o Carnaval, a volta da demanda interna pode dar mais um fôlego para o mercado doméstico”, disse Brandalizze.

Nos portos, a boa demanda pelo grão do Brasil, que já se coloca como segundo maior exportador mundial, ajuda a manter o quadro firme e de boas expectativas para mais adiante. Nos últimos 30 dias, o preço do cereal no porto de Paranaguá subiu 11,11%, passando de R$ 36,00 para R$ 40,00 por saca. No acumulado do ano, a alta é de 12,01%.

Segundo Brandalizze, o milho brasileiro tem se mostrado bastante competitivo neste momento, com destaque nas vendas para o Irã e demais países árabes. Somente no mês de fevereiro, o Brasil exportou, segundo números da Secex (Secretaria de Comércio Exterior), 1.650.700 toneladas, contra pouco mais de 1.2 milhão de toneladas em fevereiro de 2018.

Com essas vendas externas aquecidas, tendo ganhado ritmo desde outubro, os estoques brasileiros são cada vez mais escassos e ajudam a manter os preços sustentados. De outubro até o mês passado, o acumulado pode ser contabilizado em até 17.5 milhões de toneladas.

Novas vendas, principalmente na exportação, tem se mostrado raras, ainda segundo Brandalizze. O consultor explica que os produtores têm, de fato, segurado mais o volume que ainda têm para comercializar, aguardando preços um pouco mais elevados.

“Produtores continuam segurando o máximo que podem à espera de novas altas, e assim não tem rodado nada de novo na exportação”, disse. E a situação é semelhante em quase todos os principais estados produtores.

Um levantamento feito pela Brandalizze Consulting mostra que, em Goiás, por exemplo, há cotações variando entre R$ 26,00 e R$ 32,00 e os negócios são bastante escassos.

Já em Mato Grosso, onde a produção é maior, as cotações oscilam de R$ 21,00 a R$ 27,00 no mercado disponível, com os produtores apontando alguns momentos de picos de preços para participar com algumas vendas pontuais.

A colheita da safra de verão caminha bem e se aproxima de 60% da área, enquanto o plantio da safrinha está praticamente concluído, com as condições de clima se mostrando bastante adequadas para os trabalhos de campo até este momento.

Nesta segunda safra, os produtores brasileiros deverão semear 12.5 milhões de hectares, cerca de 500.000 hectares a mais do que na safrinha do ano passado.

Apesar de uma grande safra a caminho, em função principalmente deste aumento de área, Brandalizze não acredita que a chegada dessa nova oferta possa pressionar de forma muito severa as cotações no mercado nacional no momento em que começar a chegar ao mercado.

“O Centro-Oeste já tem cerca de 40% dessa safrinha vendida e o produtor está reticente em vender”, disse o consultor. “E devemos continuar exportando bem no segundo semestre”, completou.

Além disso, ele explica que, com o passar dos anos, os produtores têm investido mais em armazenagem, principalmente silo-bags, para também otimizar sua estratégia de comercialização.

Mato Grosso conclui 95% do plantio do milho safrinha 

O Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária) divulgou relatório apontando que o plantio de milho no Mato Grosso atingiu a 95,85% da área, dentro da melhor janela para o plantio no estado, que terminou na última semana de fevereiro. Esse percentual representa um recorde na série histórica mato-grossense.

Diante desse cenário, a expectativa é de que as lavouras de milho consigam se desenvolver de forma satisfatória, uma vez que o período de crescimento e desenvolvimento do milho é afetado pela umidade do solo.

A previsão de precipitação pluviométrica da Somar mostra para o mês de março um acumulado de chuvas variando em torno de 213,4 mm a 367,7 mm nas regiões produtoras – estimativa que pode ser satisfatória, sobretudo, para a fase de pendoamento do grão, importante estágio para a definição da produtividade.

Preço do milho no MT recua em fevereiro

O milho mato-grossense para entrega em julho/19 fechou o mês de fevereiro a R$ 19,33 por saca, o que representa uma queda de 9,87% em relação ao final de janeiro.

Entre os fatores que contribuíram para essa queda estão a desvalorização de 3,37% do cereal na Bolsa de Chicago (CBOT), influenciada pelas indefinições de um acordo entre Estados Unidos e China para o fim da guerra comercial entre as duas potências.

 

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