Preços da soja sobem no Brasil e demanda aquecida mantém tendência de alta

“O mercado interno é altista”, disse Carlos Cogo, diretor da Cogo Inteligência em Agronegócio, sobre os preços da soja brasileira. A boa demanda pelo produto nacional já começa a refletir em preços melhores para o produto nos portos do Brasil e, segundo a consultoria, a tendência é de que o produtor tenha oportunidades cada vez melhores de comercialização. No interior, os preços também começam a reagir.

Nos últimos 30 dias, os prêmios pagos pela soja do Brasil subiram de forma considerável e, apesar de ainda se mostrarem distantes dos altos patamares registrados no ano passado, têm sido importantes para cotações melhores.

Somente em Paranaguá, o prêmio para março registrou de 28 de janeiro a 27 de fevereiro, alta de 30%, passando de US$ 0,40 para US$ 0,52 sobre a cotação de Chicago. Para embarque em maio, houve aumento de 28,89%, de US$ 0,45 para US$ 0,58.

Com isso, e apesar de um dólar que registrou uma variação limitada e dos contratos futuros em Chicago ainda caminharem de forma lateralizada por conta da disputa comercial entre China e Estados Unidos, os preços da soja nos portos também registraram valorizações importantes.

No mesmo período, a saca da soja no mercado disponível subiu 2,23% em Paranaguá, passando a R$ 78,00 e 2,38% em Rio Grande, cotada na última quarta-feira (27), a R$ 77,30. Para embarque em março, a saca foi cotada a R$ 78,50 no terminal paranaense e a R$ 77,80 no gaúcho, com alta de 1,68% e 1,97%, respectivamente.

“Os prêmios bateram no fundo do poço na transição entre dezembro e janeiro e a partir de então, acompanhando as ofertas de compras dos exportadores em relação a prêmios futuros, alguns até junho/julho/agosto, vemos uma crescente. O prêmio, a cada mês que passa, é mais alto”, disse Cogo. Algumas empresas já ofertam para entrega em julho prêmios de US$ 0,75 a US$ 0,78 sobre as cotações na CBOT.

Segundo o executivo, a paridade da exportação da soja acompanha esse aumento e, que para meses mais adiante, mesmo com poucas mudanças no câmbio, já é possível ver preços para o período de maio a junho entre R$ 84,00 e R$ 85,00 a saca.

“Isso é, claramente, um sinal de um mercado interno altista, que já está refletindo o fato de que a demanda por soja brasileira vai continuar aquecida apesar da redução da safra no Brasil, já que a Argentina não tem como tapar todo o buraco deixado pela quebra brasileira. E os chineses estavam, de fato, esperando pela entrada da safra sul americana para acelerar suas compras de soja e deixar de lado as compras de produto norte-americano”, afirmou o analista de mercado.

E essa reação dos prêmios em plena colheita brasileira é mais um indício de que, em determinado momento do ano, os exportadores e os esmagadores internos de soja irão disputar a oferta nacional, que este ano é menor, e irão antecipar uma entressafra no Brasil.

Com vendas que este ano já batem recorde no primeiro bimestre de 2019, a diferença para o ano comercial anterior, quando o Brasil exportou quase 85 milhões de toneladas de soja, é que o volume para as vendas externas deverá ser consideravelmente menor. “Tirando a quebra e mais o consumo interno brasileiro, você não teria mais do que 70 milhões de toneladas para exportar”, disse Cogo.

E a conta fica em linha com os números estimados por instituições brasileiras para as exportações dessa temporada.

Para o consultor, com este contexto, e mantido o ritmo das vendas observado agora, “ou o preço sobe no porto ou sobe internamente, com o esmagador com dificuldade de encontrar produto para fazer farelo e óleo e atender à essa demanda interna. Vai haver disputa e disputa via preço”.

Novos negócios

Novas vendas da soja brasileira da safra 2018/19, porém, ainda se mostram lentas. Os produtores seguem focados em entregar o que foi previamente vendido e também se mostram um pouco mais insatisfeitos com os atuais patamares, apesar das recentes altas.

“As atuais cotações deverão ser as mais altas da história do país em um primeiro bimestre de um ano de quebra de safra. Com isso, é claro que o produtor vai ficar mais retraído, mais exigente, sabendo que há demanda pelo produto dele”, afirmou Cogo. “E ele sabe que a paridade nos meses seguintes estará mais alta, que os preços adiante são mais atraentes”, completa.

O consultor da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, compartilha da opinião de Cogo. “Os produtores estão somente entregando contratos vendidos e segurando o grão livre, o que segue dando suporte aos preços. Há um ajuste positivo nos prêmios para manter os preços estáveis”.

 

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