Com a expectativa de safra recorde de grãos no Brasil, associada à queda da lavoura nos Estados Unidos, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) prevê um crescimento no setor entre 5% e 7% para 2013. De janeiro a agosto, o segmento de máquinas e implementos para agricultura faturou mais de R$ 8,3 milhões contra R$ 7,7 milhões registrados em igual período do ano passado, uma elevação de 14,7%. E, para lucrar mais, a indústria teve que contratar: foram gerados mais de 62 mil empregos contra 55,9 mil na comparação com 2012.
O setor também elevou o faturamento com a exportação: em torno de US$ 651 mil, de janeiro a agosto deste ano, o que equivale a um aumento de 5,7% sobre o ano passado (US$ 616 mil). Em contrapartida, importou 16,9% menos (de US$ 504 mil dólares em 2012 para US$ 419 mil neste ano), o que significa que o mercado brasileiro está nacionalizando a produção de máquinas agrícolas e equipamentos.
Para o segmento continuar fortalecido e em franco crescimento, Gilberto Zancopé, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA) da Abimaq, afirma: é preciso que o setor pressione o governo a conceder a desoneração da carga tributária que incide sobre a cadeia produtiva da indústria de máquinas e implementos agrícolas, e a fortalecer tecnologicamente a produção.
De acordo com Zancopé, essas indústrias precisam inovar e isto demanda investimento. “O agricultor brasileiro está capitalizado, graças aos bons preços das commodities”, ressalta. Mesmo assim, reforça a necessidade de elaborar uma política fiscal voltada para o setor. “A CSMIA, por meio da Abimaq, tem buscado sensibilizar o governo para a necessidade de desoneração fiscal das máquinas e implementos agrícolas, porém, apesar da compreensão e apoio de diversos órgãos, o rito de aprovação é, na maioria das vezes, lento e demorado.”
Atualmente, o país cultiva 50 milhões de hectares, mas pode agregar mais 100 milhões, somando 150 milhões de hectares. Com isso, a produtividade pode passar de 200 milhões de toneladas para 1 bilhão de toneladas de grãos. E, para seguir o ritmo, os produtores terão de investir, especialmente em máquinas agrícolas. “Diante deste bom momento e da consequente elevação do preço das terras, a expansão da produtividade se dá por meio da mecanização agrícola e de novos tratos culturais, que elevam a produtividade por hectare, e não pela agregação de novas áreas de produção”, salienta Zancopé.
ADAPTAÇÃO
Acompanhando as novas tecnologias da produção de máquinas agrícolas, muitas empresas já estão adaptando peças e equipamentos, antes importados. “Muitas destas máquinas ou peças são ou eram importadas, principalmente dos Estados Unidos e da Europa, e agora já estão mais adaptadas ao país. O mercado brasileiro possui condições especiais de financiamento para estímulo da mecanização, porém atende somente produtos nacionais”, destaca o presidente da CSMIA da Abimaq. “Diante da demanda favorável e crescente por máquinas e implementos agrícolas, a tendência é de nacionalização de diversos produtos para que o financiamento seja estendido também a eles”, completa.
Apesar das recentes adaptações, o mercado que precisa importar está receoso por causa da alta do dólar. Na opinião de Zancopé, a questão cambial no Brasil é um problema para a indústria em relação aos seus concorrentes internacionais. “O câmbio para o segmento tem impacto maior, porque é potencializada pelo Custo Brasil, que tira a competitividade da indústria nacional”, destaca.
Por Equipe SNA/RJ