A safra de soja 2018/19 do Brasil deverá alcançar 117.2 milhões de toneladas, disse a consultoria Céleres à Reuters nesta quarta-feira, em uma redução de cerca de 5 milhões de toneladas, ou 4%, em relação à estimativa de novembro.
A revisão é mais uma dentre diversas outras feitas por consultorias e instituições nos últimos dias, refletindo o tempo quente e seco que afetou lavouras em importantes áreas produtoras desde dezembro.
“O que conseguimos observar, entre o final do ano passado e início deste, foi que em regiões no Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo houve grande queda de produtividade”, disse o analista da Céleres, Enilson Nogueira.
Segundo Enilson, a “grande explicação” para esse impacto é que parte considerável da oleaginosa foi plantada mais cedo neste ano e, em dezembro, enfrentou a irregularidade nas chuvas e as altas temperaturas em uma importante fase de desenvolvimento, de enchimento de grãos.
A Céleres manteve sua previsão de área plantada com soja no Brasil, o maior exportador global da oleaginosa, em 36.2 milhões de hectares.
Dados do Agriculture Weather Dashboard, do Refinitiv Eikon, mostram que nos últimos 2 meses choveu abaixo da média em praticamente todo o Centro-Oeste e também no Paraná e no Matopiba, fronteira agrícola composta por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
Muitas áreas viram precipitações mais de 100 milímetros abaixo da média. Em Goiás, o noroeste registrou chuvas 288 milímetros inferiores ao esperado.
Na avaliação de Enilson, o recorde de colheita que inicialmente se desenhava para a atual safra já pode ser descartado, enquanto mais perdas são esperadas caso as condições climáticas não melhorem.
Assim, o ciclo 2017/18 deve seguir como o de maior produção da história, com 119.3 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Milho
A Céleres também revisou suas estimativas para o milho de primeira safra, o chamado “milho verão”. Segundo Enilson, o tempo adverso afetou a cultura, embora não na mesma intensidade que a soja.
A expectativa é de que o Brasil colha 28 milhões de toneladas na primeira safra de milho, contra 29 milhões de toneladas na estimativa anterior. A área semeada alcança 5.48 milhões de hectares, praticamente estável entre os levantamentos, segundo os números da consultoria.
Reuters