O ano de 2020 será “crucial” para as políticas de biocombustíveis ao redor do mundo, segundo relatório da Agência Internacional de Energia (AIE) sobre o mercado de energias renováveis.
A China estenderá para todo o país a mistura obrigatória de 10% do etanol na gasolina e o programa brasileiro RenovaBio entrará em vigência de forma completa, com metas de descabornização. Enquanto isso, na Índia, novas biorrefinarias avançadas começarão a funcionar.
“A expectativa é que o RenovaBio fortaleça a economia dos biocombustíveis, acelerando os investimentos em nova capacidade e a produção em usinas existentes”, diz um trecho do relatório, cujo lançamento no Brasil ocorreu nesta segunda-feira, no Palácio do Itamaraty.
“A China está atendendo sua mistura de 10% para todo o país. Até 2020, a política de biocombustíveis recentemente anunciada na Índia também resultará em aumento da produção.”
No caso da China, trata-se de uma medida de olho em maior segurança energética, mas que tem o controle da poluição do ar como incentivo adicional. Em um primeiro momento, o abastecimento se dará principalmente por meio do etanol de milho, produzido localmente.
De acordo com o estudo, a participação de fontes renováveis na demanda energética global deverá ampliar-se para 12,4% em 2023, último ano do panorama traçado pela agência. Essa taxa de crescimento é mais veloz do que no quinquênio anterior de análise (2012-2017). As energias renováveis vão atender 40% do aumento de consumo projetado para os próximos cinco anos.
A diplomacia brasileira celebrou dois trechos específicos do relatório. Em um deles, o Brasil é mencionado como o país que apresenta a matriz energética menos poluente (“greenest energy mix”), com a maior participação de renováveis entre os grandes consumidores globais de energia.
“O Brasil tem muito a mostrar para o mundo”, disse Heymi Bahar, analista da AIE e um dos principais autores do documento, em apresentação no Itamaraty. “As energias renováveis devem representar dois terços do crescimento da demanda brasileira por energia nos próximos cinco anos”.
Outro ponto comemorado em Brasília foi a citação da biomassa como um “gigante oculto” em meio às renováveis. A própria capa internacional do relatório tem uma foto da cana-de-açúcar em destaque.
A expressão coincide com os esforços liderados pelo governo brasileiro na “plataforma do biofuturo” – iniciativa global que agrupa 20 países para promover biocombustíveis.
Para o Itamaraty, isso ajuda na difusão do etanol e do biodiesel, bem como da biomassa para geração elétrica. Ao contrário das fontes eólica e solar, que são intermitentes, a biomassa pode ser fonte de megawatts independentemente do período do ano.
Fonte: Valor Econômico