Escassez de armazéns colabora para desperdício de 10% da safra brasileira

 

Analista de mercado e economista, Pedro Arantes garante que propriedades têm menos de 10% da capacidade total para estocar safra. Financiamento demorado continua sendo um entrave

 

O Brasil vem desperdiçando em média 10% de toda a safra anual, problema causado pela falta de infraestrutura das estradas do país e, especialmente, pela escassez de armazéns. Faltam unidades para estocar entre 60 milhões e 80 milhões de toneladas e a capacidade atual destes estabelecimentos é de 70%, segundo Pedro Arantes, economista e analista de mercado da Federação de Agricultura do Estado de Goiás (Faeg). “Se considerarmos a armazenagem dentro das próprias propriedades, o estoque não chega a 10%”, pontua.

Para atender 100% da demanda, o especialista considera o valor de R$ 25 bilhões, divididos em cinco anos, previstos no Plano Nacional de Armazenagem por meio do Plano Safra, satisfatório. “O problema é que este financiamento não saiu do papel até agora. Muitos produtores têm encontrado dificuldades, principalmente no que diz respeito ao licenciamento ambiental”, relata Arantes.

No dia 24 de setembro, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou que pode liberar R$ 1,75 bilhão para financiar a construção de novos armazéns privados no Brasil. “A quantia é bem distante do prometido no início do segundo semestre deste ano. É um começo, embora venha com certo atraso. Isto porque, para construir um novo armazém, o produtor gastaria em torno de oito meses. Então, para a safra de 2013/2014, este valor já chegaria meio tarde”, afirma o analista de mercado.

A quantia anunciada pelo BNDES se refere ao orçamento já autorizado para contratação de operações por meio do Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), até 30 de junho de 2014.

 INEFICIÊNCIA

Somada à falta de armazéns necessários para estocar toda a safra do país, a ineficiente logística de transporte também faz com que os grãos, por exemplo, fiquem por mais tempo nos pátios das cooperativas e empresas. Em muitos casos, tudo é mantido a céu aberto por falta de espaços para estocagem.

O estado do Mato Grosso deve fechar 2013 com uma safra de 45 milhões de toneladas de grãos, mas sua capacidade de armazenagem cobre somente 29 milhões. “Somos os maiores produtores de grãos do país. Temos urgência na construção de novos armazéns, porque nosso déficit para estocagem da safra é muito alto”, conta Carlos Fávaro, presidente da Associação dos Produtores de Soja do Mato Grosso (Aprosoja-MT).

Diante dos entraves para conseguir financiamentos, Fávaro garante que o produtor tem feito a sua parte. “O que temos percebido é governo atrapalhando governo: de um lado, ele quer melhorar a situação no campo e de outro, órgãos como Funai e Ibama, entre outros, têm travado os projetos com excesso de burocracia, principalmente os relacionados aos licenciamentos ambientais”, critica. “Quando foram anunciadas as novas medidas do Plano Safra e, dentro dele, o Plano Nacional de Armazenagem, vimos uma luz no fim do túnel, uma motivação a longo prazo. Os juros são acessíveis, mas, como todo plano, precisa sair do papel”, reforça Fávaro. Leia mais: https://sna.agr.br/?p=7293.

 

Por Equipe SNA/RJ

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