Brasil e Chile podem reconhecer cachaça e pisco como indicações geográficas e bebidas distintivas de cada país

Entre 2016 e 2017, a exportação da cachaça para mais de 60 países gerou uma receita de US$ 15,8 milhões de dólares ao Brasil. Foto: Divulgação

Uma das novidades do recente acordo comercial firmado entre Brasil e Chile, que traz novas diretrizes para a comercialização entre os dois países, que não existem com os demais integrantes do bloco do Mercosul, é a possibilidade do reconhecimento mútuo entre a cachaça e o pisco (chileno) como indicações geográficas e bebidas distintivas de cada país.

Diretor executivo do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), Carlos Lima diz que a iniciativa é de extrema importância para o fortalecimento desses dois símbolos nacionais, além de contribuir para aumentar os fluxos de comércio e investimentos entre os dois países.

O Chile é o segundo principal parceiro comercial do Brasil, na América do Sul. Em 2017, o intercâmbio comercial bilateral alcançou US$ 8,5 bilhões,um  incremento de 22% em relação ao ano anterior.

O acordo Brasil-Chile que, segundo o Itamaraty, é o pacto comercial mais abrangente já firmado, engloba ainda compromissos em comércio eletrônico, práticas regulatórias, transparência em anticorrupção, cadeias regionais e globais de valor, gênero, meio ambiente e assuntos trabalhistas.

EXPORTAÇÃO DE BEBIDAS

No âmbito da exportação de bebidas, Lima esclarece que o Chile é um dos oito mercados prioritários da nova proposta de Projeto Setorial de Promoção às Exportações da Cachaça. Uma vez concluído esse reconhecimento, as ações de promoção terão um papel importante para o aumento das exportações desse destilado brasileiro para o mercado chileno.

Em 2017, as vendas de cachaça do Brasil para o Chile somaram US$ 209.322,00 ou 124.169 litros. O montante representa em torno de 2% do volume total de cachaça exportado, no ano passado.

O diretor executivo do Ibrac espera que a ampliação das ações de promoção da cachaça, a exemplo de outros países que desenvolvem seus destilados típicos e tradicionais, contribuirá para a geração de receita e ainda mais empregos no Brasil, além dos mais de 600 mil empregos diretos e indiretos que a categoria já proporciona.

Resultará, além disso, “na inserção de mais empresas nacionais, em especial micro e pequenas, no mercado externo gerando, assim, mais receitas para essas empresas e para o País”.

RATIFICAÇÃO

Para ter validade, o compromisso com o Chile ainda precisa ser assinado pelos dois governos e, depois, ratificado pelos parlamentos dos dois países.

Diretor do Departamento de Integração Econômica Regional do Ministério das Relações Exteriores (MRE), Michel Arslanian Neto explica a comercialização das bebidas: “Para comercializar no Chile, vai ter de ser um produto brasileiro, não pode ser um chileno que vende o produto cachaça e a mesma coisa com o pisco”.

A concretização de mais acordos bilaterais de proteção internacional e a ampliação das exportações do destilado genuinamente “verde e amarelo” é uma das iniciativas pleiteadas no Manifesto da Cachaça, lançado no último dia 20 de setembro, em São Paulo, pelo Instituto Brasileiro da Cachaça.

MAIS INICIATIVAS

Conforme o Ibrac, ainda há outras importantes iniciativas, que constam no Manifesto da Cachaça, tais como a reavaliação da carga tributária da cachaça e o combate à clandestinidade e à informalidade.

Com a escolha do novo presidente da República, o Instituto BRAC espera mais apoio do Governo Federal para que o setor da Cachaça volte a crescer e possa continuar a contribuir com a geração de emprego e renda no país.

CENÁRIO DO MERCADO

Em 2017, as exportações de cachaça representaram em torno de 1% da produção total, taxa considerada baixa se comparada a bebidas típicas de outros países, como a tequila, que tem 70% de seu volume de produção comercializado para mais de 190 países, gerando uma receita anual superior a um bilhão de dólares ao México.

Entre 2016 e 2017, a exportação da cachaça para mais de 60 países gerou uma receita de US$ 15,8 milhões de dólares (8,74 milhões de litros) ao Brasil, números que representam um crescimento de 13,43% em valor e 4,32% em volume, em relação a 2016.

ENTRAVES PARA CRESCIMENTO

De acordo com o Ibrac, entretanto, algumas questões de base (entraves) têm impedido o desenvolvimento da cachaça de forma sustentável, como a alta carga tributária (de quase 82%) e a informalidade no mercado, em número de produtores, sendo superior a 85%.

Todos esses temas foram tratados durante o lançamento do Manifesto da Cachaça, no mês de setembro, quando se reuniram representantes de órgãos relacionados ao setor, apreciadores, produtores, distribuidores e profissionais de serviço e bar.

Durante os últimos anos, o Ibrac foi responsável e articulador de importantes vitórias para o segmento da cachaça, como o retorno da cachaça ao Simples Nacional e o reconhecimento da cachaça nos Estados Unidos, Colômbia e México.

DESTAQUES DA REVISTA A LAVOURA

A Indicação Geográfica Artesanal de Salinas, que envolve a produção de cachaça no Estado de Minas Gerais, ganhou destaque na edição nº 717/2016, páginas 46 a 49. Confira aqui!

Também mereceu espaço a IG de Paraty (RJ), na edição nº 702 d’A Lavoura, páginas 44 a 47. A bebida destilada dessa região se caracteriza pela produção artesanal de origem familiar, envolvendo a fabricação de cachaça comum, cachaça envelhecida, cachaça premium e a extra premium, além da aguardente de cana composta azulada. Clique aqui e leia sem custo algum!

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Fontes: Ibrac e Revista A Lavoura

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